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Como os casais se formaram nos últimos 94 anos

James Eagle, fundador de uma agência suíça de publicidade, costuma postar estatísticas curiosas em sua página no LinkedIn. Nos últimos dias, vi uma animação com números que me chamou a atenção: era um compilação de dados que mostravam os locais onde casais se encontraram de 1930 a 2024. Os dados, montados a partir de várias fontes (entre as quais a Universidade de Stanford), podem não ser 100% confiáveis. Mas a proporção entre os números e sua evolução têm tudo para estar correta.

Em 1930, por exemplo, as pessoas conheciam seus cônjuges através da família (22,76% do total) ou da escola (22,55%). Em seguida, amigos (18,58%) ou vizinhos (11,49%) os apresentaram. Ou então, a Igreja foi o local onde o casal se encontrou pela primeira vez (10,32%). Vinham em seguida apresentações feitas em bares e restaurantes (7,93%), universidades (3,60%) e através de colegas de trabalho (2,77%).

Esses índices se mantiveram, com alguma flutuação, até 1984. A primeira grande mudança se dá em 1994, quando os amigos se consolidam na liderança do ranking (27,08%), seguidos pelos colegas de trabalho (15,93%). Em seguida, estão bares e restaurantes (14,19%) e família (13,02%). A igreja cai para penúltimo lugar, com 5,44%. E, na lanterna, aparece pela primeira vez o ambiente on-line, com 1,04%.

Dez anos depois, os encontros proporcionados pelo meio digital sobem para o quinto lugar, com 8,86% — e os amigos continuam como a fonte principal para a formação de casais, com 26,98%.

Em 2024, no entanto, a mudança é radical: 60,76% dos envolvimentos amorosos têm início na internet. Em segundo lugar, estão os amigos (13,86%), colegas de trabalho (8,48%), bares e restaurantes (4,91%), família (4,52%), escola (3,33%), igreja (2,12%), vizinhos (1,28%) e universidades (0,74%).

A evolução destes índices comprova a tese de que nossa vida, a dos nossos pais e dos avós foram mais ou menos iguais entre as décadas de 1930 e 1990. O design e as funcionalidades das coisas que nos cercavam podem ter evoluído e melhorado. Mas a vida permanecia mais ou menos a mesma. Aparelhos como rádio, automóvel e fogão melhoraram muito a sua aparência e eficácia – mas, em sua essência, mantiveram os mesmos princípios durante sessenta anos.

Após os anos 1990, com o advento da internet e do telefone celular, tudo começa a mudar a passos largos. No caso da formação dos casais, a transformação é vertiginosa. Em 1994, apenas 1% dos encontros amorosos ocorreram on-line. Dez anos depois, eram 8,86%. E hoje, estamos na casa dos 60%.

Isso mostra o quanto estamos dependentes do mundo digital. Seis em cada dez casais fizeram o primeiro contato através de aplicativos, salas de bate-papo, redes sociais ou comentários sobre postagens em geral. Essa mudança gerou novas formas de comportamento, que podem trazer alterações significativas de comportamento. A paquera, como minha geração conheceu, parece estar com os dias contatos. Afinal, na ranking de 2024, os ambientes públicos estão em minoria absoluta – o que dispensa totalmente o contato visual como o primeiro código de aproximação.

Além disso, o flerte antigo deve minguar ainda mais, já que estamos vivendo tempos politicamente corretos, nos quais uma cantada mais explícita pode ser interpretada como uma demonstração de machismo ou misoginia. Sem querer ser nostálgico, essas novas gerações talvez não percebam o quanto é interessante a troca de olhares, a aproximação sorrateira e a abordagem junto a quem nos interessou. Mas nós sentimos falta daquilo que experimentamos um dia – e os mais novos já cresceram dentro deste universo digital.

Pelo menos aqueles 4,91% que conheceram sua cara-metade em bares e restaurantes sabem do que estou falando. A estes casais, os meus votos de felicidades e de relação duradoura.  

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