Ao longo das décadas o trabalho da Nihon Hidankyo segue como uma voz pela abolição das armas nucleares muitas vezes quase solitária
A associação de reúne sobreviventes dos ataques atômicos a Hiroshima e Nagasaki Nihon Hidankyo foi laureada com o Prêmio Nobel da Paz 2024, anunciado nesta sexta-feira (11). A escolha surpreendeu analistas e destacou a importância de relembrar o impacto devastador das armas nucleares em um momento de crescentes ameaças globais, principalmente no Oriente Médio.
Os hibakusha, como são chamados os sobreviventes dos bombardeios nucleares de agosto de 1945, têm dedicado suas vidas a transformar suas dolorosas experiências em uma mensagem de paz e desarmamento. O trabalho da entidade ao longo das décadas pode não ter arrefecido os ânimos nucleares de países autoritários, mas foi fundamental para a promoção da redução da escalada nuclear e para conscientizar o mundo sobre as terríveis consequências do uso desses armamentos.
O prêmio vem em um momento de tensão, com discussões sobre o uso de armas nucleares em conflitos regionais, como na guerra da Ucrânia, nos ataques entre Israel e Irã e nas ameaças da Coreia do Norte contra seu vizinho do sul.
Após o anúncio do Nobel, Toshiyuki Mimaki (imagem), diretor da Nihon Hidankyo, afirmou que a premiação fortalece os esforços pela abolição das armas nucleares e renova a esperança de um futuro livre desses armamentos. Boa parte disso é ilusão, porém, o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, celebrou a conquista como um marco importante para o Japão e para a luta global pelo desarmamento. Justo em um momento em que os vizinhos Japão e Coreia do Sul se armam contra a hegemonia da China.
Além do reconhecimento simbólico, a premiação inclui uma recompensa financeira de US$ 1,1 milhão, que reforça a mensagem urgente de que o uso de armas nucleares jamais deve se repetir.