Para 68% dos empresários entrevistados pela CNI, medidas de economia circular contribuem para a redução de gases de efeito estufa
De acordo com uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 85% das indústrias no Brasil estão implementando ao menos uma prática relacionada à economia circular. O estudo, que ouviu 253 indústrias de transformação e construção entre 17 de maio e 30 de julho de 2024, aponta que 68% dos empresários acreditam que tais medidas ajudam a reduzir a emissão de gases de efeito estufa e combatem as mudanças climáticas.
“A transição para a economia circular não é apenas uma aspiração, mas uma realidade em constante evolução na indústria, que tem demonstrado um compromisso crescente com a adoção de práticas circulares”, afirmou o presidente da CNI, Ricardo Alban, durante o lançamento do estudo.
Em 2022, o setor de resíduos foi responsável por 4% das emissões de CO2 no Brasil, totalizando 91,3 milhões de toneladas, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG). Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da CNI, destacou que práticas como logística reversa e reciclagem são fundamentais para a transição a uma economia de baixo carbono. “Isso resulta em menos emissões de gases de efeito estufa, menor extração de novos recursos e um melhor uso de energia, reduzindo a pegada de carbono da atividade industrial”, avaliou Muniz.
Práticas de economia circular em destaque
A pesquisa também identificou as práticas mais comuns entre as indústrias:
- 50% têm programas de sustentabilidade e práticas que promovem ganhos ambientais.
- 42% desenvolvem produtos que podem ser recuperados, substituindo materiais virgens por reciclados.
- 41% criam produtos para minimizar o consumo, perdas de materiais e energia ao longo de todo o ciclo de vida.
- 40% investem em produtos com maior durabilidade e reutilizam efluentes tratados na produção.
- 31% realizam reciclagem.
- 26% praticam logística reversa.
Iniciativas e guias
Nesta quarta-feira (16), a CNI, em parceria com a Firjan (Rio de Janeiro) e a Fiesp (São Paulo), lançou um guia para auxiliar as empresas na implementação de práticas de economia circular. O documento oferece um passo a passo para definir metas e estratégias circulares, além de diretrizes para estabelecer indicadores-chave de desempenho (KPIs) e mensurar o progresso da circularidade.
Desde junho, o Brasil conta com a Estratégia Nacional de Economia Circular (Enec), que faz parte da Nova Indústria Brasil (NIB), uma política industrial recém-anunciada pelo governo. A estratégia visa criar um ambiente normativo e institucional para a economia circular. Em paralelo, a Organização Internacional de Normalização (ISO) lançou três normas relacionadas ao tema, que servirão como base para influenciar políticas públicas no Brasil.
Ricardo Alban destacou que “a economia circular se estabelece como uma das principais estratégias empresariais para enfrentar os desafios ambientais atuais. Ao revisar e aprimorar a forma como extraímos, transformamos, usamos e descartamos recursos naturais e produtos, as empresas podem se tornar mais eficientes, competitivas e sustentáveis”.