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O futuro político de Lula após as eleições municipais

O cenário político, no Brasil, modifica-se com uma rapidez impressionante. Dois anos atrás, a esquerda mostrou força nas eleições presidenciais ao derrotar Jair Bolsonaro nas urnas (por uma pequena vantagem, é verdade). Hoje, ao analisar o desempenho dos esquerdistas nas campanhas municipais, percebe-se que houve uma mudança significativa na composição de forças políticas. Um cálculo divulgado ontem pelo jornal “Folha de S. Paulo” mostra que 25% dos prefeitos eleitos, em 2020, eram de esquerda. Este ano, porém, este grupo deve se reduzir a 13% do total. Trata-se de um retrocesso de quase 50%.

Este encolhimento dos votos de esquerda talvez tenha a ver com o mesmo fenômeno que possibilitou a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, só que com o sinal inverso. Lula conquistou muitos votos por ser a opção a Jair Bolsonaro, que viu ao final do mandato a rejeição subir avassaladoramente. Ou seja, os votos que fizeram a diferença em 2022 não eram necessariamente pró-Lula e sim anti-Bolsonaro.

Passados dois anos deste pleito, é notável o desgaste enfrentado pelo PT e pela esquerda de maneira geral. Isso pode ser creditado à insistência de Lula em adotar um discurso de confronto ideológico o tempo todo. Trata-se, porém, de uma estratégia equivocada. Lembremos dos índices de aprovação dos dois primeiros mandatos do presidente: sua popularidade foi crescente, mesmo tendo enfrentado escândalos como o do Mensalão e crises econômicas como a da subprimes americanas (aquela da “marolinha”).

Qual é a diferença básica do Lula pretérito e este da atualidade?

O mandatário que governou o Brasil entre 2003 e 2010 era um político agregador, que buscava aparar as arestas entre as forças partidárias. Naquele momento, Lula conversava incessantemente com deputados, senadores e governadores – mas também dialogava com empresários e banqueiros. Raramente partia para o enfrentamento e moldava suas palavras de acordo com a audiência. Nestas horas, ele falava mais ou menos a mesma coisa, mas mudava o que iria enfatizar de acordo com os interlocutores.

Este Lula, no entanto, pertence ao passado e deu lugar a um político que parece ter abraçado o ressentimento durante a sua prisão, entre 2018 e 2019. O radicalismo aflorou e ele passou a se comportar de forma agressiva, enterrando definitivamente o perfil “Lulinha Paz e Amor”, criado em 2002.

Ao mesmo tempo, o presidente passou a derrapar na seara política. Preferiu, dois anos atrás, turbinar um candidato (Fernando Haddad) sem nenhuma chance de vencer a corrida ao Palácio dos Bandeirantes com o apoio a Guilherme Boulos à prefeitura de São Paulo em 2024. Apostou em um nome com grande rejeição e visto como um radical por boa parte da classe média paulistana. Se Boulos realmente for derrotado, como as pesquisas indicam, o fracasso da esquerda terá um só culpado: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Diante disso, Lula tem apenas duas opções: ou suaviza seu discurso e se move em direção ao centro ou continua como está e será o fiador de mais um fiasco. Tudo dependerá de sua teimosia. Muitos apostam, no entanto, que Lula repetirá a trajetoria de Bolsonaro em 2022 — a de um candidato que acreditava ter razão e preferiu ser derrotado a mudar seus credos eleitorais.

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