Holanda lidera ranking, seguido por Islândia e Dinamarca; Brasil fica em 33º entre 48 países. Conheça as alternativas para melhorar os sistemas de previdência
Um novo estudo, o Global Pension Index 2024, realizado pelo CFA Institute e pela consultoria Mercer, revelou que a Holanda possui o melhor sistema de aposentadoria do mundo, destacando-se em critérios como renda adequada, sustentabilidade financeira e boa governança. Em contraste, o Brasil aparece entre os piores colocados, com grandes dificuldades em garantir a sustentabilidade de longo prazo do seu sistema previdenciário.
A pesquisa analisou 48 países, avaliando mais de 50 indicadores, como adequação dos benefícios, capacidade de manutenção dos pagamentos nas próximas décadas e transparência do sistema. A Holanda conquistou o primeiro lugar, seguida por Islândia, Dinamarca e Israel, países que compõem a elite dos sistemas de aposentadoria globais. Estes países se destacam por fornecer bons benefícios aos aposentados, sustentados por uma estrutura financeira sólida e uma gestão transparente.
Os principais critérios e os países
Adequação – Onde as pensões são melhores de acordo com a realidade local
- 1º Holanda
- 2º França
- 3º Uruguai
Sustentabilidade – Onde o sistema pode continuar entregando?
- 1º Islândia
- 2º Dinamarca
- 3º Israel
Integridade – Onde o sistema é confiável?
- 1º Finlândia
- 2º Noruega
- 3º Hong Kong
América Latina
Os países latino-americanos mais bem colocados no índice são Chile (9º), Uruguai (13º) e México (16º), que possuem sistemas bem estruturados, mas com áreas a melhorar. O Brasil, em 33º lugar, enfrenta problemas graves de sustentabilidade, apesar de oferecer benefícios acima da média em relação ao custo de vida local.
Pressões demográficas e econômicas
A principal preocupação do estudo é o impacto das mudanças demográficas sobre os sistemas de aposentadoria. Com a expectativa de vida aumentando globalmente, mais pessoas estão se aposentando sem ter contribuído o suficiente para manter o sistema em equilíbrio. Segundo o Fórum Econômico Mundial, pela primeira vez na história, o número de pessoas com mais de 65 anos já ultrapassa o de crianças com menos de 5 anos, o que gera uma pressão crescente sobre os sistemas previdenciários.
Essa pressão também afeta os sistemas complementares de aposentadoria, como fundos privados, que enfrentam dificuldades para manter a rentabilidade necessária para pagar os benefícios prometidos. A tendência global é a migração para sistemas híbridos, em que a renda do aposentado está diretamente relacionada ao quanto ele contribuiu ao longo da vida.
O estudo alerta que, para os jovens de hoje, o cenário é desafiador. Eles precisam economizar mais para garantir uma aposentadoria segura, enquanto também contribuem, por meio de impostos, para financiar os aposentados atuais. Essa “injustiça geracional” é uma das grandes fontes de tensão social em países como o Brasil, onde a expectativa de vida é de 76 anos, enquanto em países como Japão e Coreia do Sul ultrapassa os 84 anos.
No Brasil, o sistema previdenciário é generoso com os aposentados atuais, mas isso está comprometendo a sua capacidade de sustentação futura. O relatório sugere reformas urgentes, como aumentar a idade de aposentadoria e incentivar planos complementares de previdência privada, como forma de aliviar o peso sobre o sistema público.
O que fazer
Embora cada sistema apresente características únicas, há pontos em comuns para melhoria, já que os problemas serão semelhantes nas próximas décadas. O relatório descreve uma série de reformas que podem ser implementadas para melhorar os resultados de longo prazo dos sistemas de renda de aposentadoria. Confira:
- Expandir a cobertura de pensão para trabalhadores não padronizados e autônomos por meio de inscrição compulsória ou automática.
- Aumentar as idades de aposentadoria para que correspondam à expectativa de vida mais longa, reduzindo os custos da previdência pública.
- Incentivar a participação da força de trabalho em idades mais avançadas para aumentar a poupança e reduzir a duração da aposentadoria.
- Promover maior poupança privada para reduzir a dependência de pensões públicas.
- Fechar as lacunas de pensão de gênero e minoria.
- Limitar os saques pré-aposentadoria para preservar a poupança.
- Melhorar a governança e a transparência do plano de pensão para aumentar a confiança dos participantes dos membros do plano.