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Crise do kimchi: Preço do repolho ameaça prato nacional da Coreia do Sul

Doenças de plantações vêm se espalhando no país após um verão com condições climáticas anormais

A Coreia do Sul está vivenciando uma crise no mercado de kimchi, prato tradicional e símbolo nacional, devido à escassez de repolho chinês, seu principal ingrediente. Com o preço do vegetal atingindo até 2,6 vezes o valor usual, as famílias sul-coreanas começam a se preocupar com a alta nos custos para preparar o alimento. A crise é impulsionada por doenças de plantações que vêm se espalhando após um verão com condições climáticas anormais, afetando duramente as colheitas.

Durante os últimos meses, ondas de calor intensas e prolongadas atingiram o país. A Administração Meteorológica da Coreia do Sul relatou que, em setembro, tanto a temperatura média quanto o número de dias com sensação térmica superior a 35 °C foram os mais altos desde o início do monitoramento, em 1973. O impacto nas lavouras de repolho se intensificou, resultando em uma corrida para garantir o vegetal nos mercados.

“Aproveitem para comprar repolho enquanto ainda encontram”, alertou uma consumidora à sua família, diante da escassez nos supermercados. Novembro e dezembro são tradicionalmente os meses em que as famílias coreanas estocam grandes quantidades de kimchi, o que torna a situação ainda mais crítica.

Em 16 de outubro, o preço médio do repolho chinês no atacado alcançou 8.010 wons (aproximadamente US$ 5,80), segundo a Korea Agro-Fisheries & Food Trade Corp. O governo sul-coreano, por meio do Ministério da Agricultura, Alimentos e Assuntos Rurais, anunciou medidas para estabilizar o fornecimento, incluindo o aumento das importações de repolho da China. Contudo, muitos consumidores preferem o sabor do repolho cultivado localmente, ainda que o preço seja mais alto.

As dificuldades com as plantações foram agravadas nas regiões do norte do país, onde o repolho é plantado no verão e colhido em outubro. “O calor excessivo deste ano comprometeu a produção, causando doenças que deixam o vegetal vermelho”, explicou Kim Jin-sop, diretor da Korean Fresh Vegetables Cooperative. No condado de Danyang, a situação é menos crítica: o repolho ali cultivado permanece saudável e deve ajudar a estabilizar os preços até o fim de outubro, informou a CJ CheilJedang, uma das principais produtoras de kimchi do país.

A situação alerta para um problema de longo prazo. A média anual de temperatura na Coreia aumentou de 11,9 °C na década de 1980 para 13,2 °C na década de 2020, segundo a Administração Meteorológica. Com o aumento da temperatura, a Administração de Desenvolvimento Rural prevê uma significativa redução nas áreas de cultivo de repolho chinês nas próximas décadas.

A crise no fornecimento de repolho chinês surge num momento em que o governo sul-coreano investe na promoção de produtos como o kimchi, valorizado mundialmente por suas propriedades saudáveis. Apenas no primeiro semestre de 2024, as exportações de kimchi cresceram 4%, atingindo US$ 83,8 milhões.

Para enfrentar o cenário futuro, especialistas acreditam que a solução envolve melhorar as técnicas de preservação dos vegetais. “Se conseguirmos manter frescos os repolhos colhidos na primavera para o consumo de verão, isso estabilizará os preços ao longo do ano”, defendeu Kim.

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