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Condenação dos assassinos de Marielle e Anderson é julgamento histórico no RJ

Ronnie Lessa (pena de 79 anos) e Élcio Queiroz (60 anos) foram sentenciados por duplo homicídio e receptação de veículo, com direito a delação premiada para apuração dos mandantes

Após mais de seis anos de buscas por justiça, o 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro concluiu, na última quarta-feira (30), o julgamento dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, condenando-os pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. O veredicto marca um passo importante em um caso que gerou mobilizações nacionais e internacionais.

Ronnie Lessa, responsável pelos disparos, foi sentenciado a 78 anos e 9 meses, enquanto Élcio Queiroz, que dirigiu o carro no atentado, recebeu pena de 59 anos e 8 meses. No entanto, devido a um acordo de delação premiada, que colaborou para as investigações sobre os mandantes do crime, ambos terão direito a uma redução significativa nas penas. Com o desconto de tempo já cumprido desde suas prisões em março de 2019, Élcio poderá deixar a prisão em 2031 e Lessa em 2039.

Emoção e detalhes do julgamento

O julgamento foi acompanhado por familiares e amigos das vítimas. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, esteve presente com a filha de Marielle, Luiara, e outros parentes, demonstrando a força da família diante dos testemunhos que reviveram a brutalidade do crime.

Foram ouvidas várias testemunhas, incluindo Fernanda Chaves, assessora de Marielle e única sobrevivente do atentado, além de Marinete Silva, mãe de Marielle, e Mônica Benício, sua viúva. No depoimento, Lessa justificou sua participação no crime com a promessa de ascensão em uma milícia do Rio, uma revelação que causou forte reação dos presentes.

Avanço das investigações sobre os mandantes

A delação premiada fornecida pelos réus indicou nomes de possíveis mandantes, incluindo os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão. O caso contra eles tramita agora no Supremo Tribunal Federal (STF) devido ao foro privilegiado de Chiquinho, que é deputado federal.

Próximos passos

Em sua fala final, o Ministério Público destacou que a colaboração dos réus ocorreu apenas quando se viram em risco de serem descobertos. Já a defesa argumentou por uma “pena justa” para Lessa, citando o papel de sua delação nas investigações. Durante o julgamento, a formação do júri – composta por sete homens brancos – gerou críticas, sendo definida pela defesa.

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