Estudo da CNC defende que legalização de cassinos físicos beneficiaria economia local e impulsionaria o varejo
Estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), estimo que a legalização de cassinos físicos no Brasil teria potencial de gerar uma arrecadação anual de R$ 37,3 bilhões em impostos e criar cerca de 1 milhão de postos de trabalho. De acordo com Felipe de Sá Tavares, economista-chefe da CNC, essa projeção ultrapassa significativamente a receita que seria possível apenas com as apostas online, estimada em R$ 14,5 bilhões anuais.
As conclusões foram apresentadas durante uma audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF) que abordou os impactos das apostas esportivas digitais, conhecidas como “bets”. A CNC, autora de uma ação judicial questionando a regulamentação das apostas esportivas online no país, apontou que essas plataformas virtuais têm gerado uma perda econômica significativa para o Brasil. O estudo da entidade revela que as apostas online resultam em uma perda anual de R$ 19,5 bilhões a R$ 220 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB).
Potencial econômico regional e cadeia produtiva
A CNC avalia que a criação de cassinos físicos em regiões como o Norte e Nordeste poderia ter um impacto positivo expressivo de R$ 148,4 bilhões no PIB, impulsionando a economia local. Para Tavares, os cassinos físicos trazem benefícios que as apostas online não conseguem replicar, como o fortalecimento da cadeia hoteleira, do varejo e de negócios locais. “O cassino físico ativa toda uma cadeia de desenvolvimento local, algo que o online, feito do sofá de casa, não consegue alcançar”, explicou.
Controle e segurança
Outro ponto levantado por Tavares é o maior controle proporcionado pelos cassinos físicos, que permitiria a implementação de medidas de segurança mais eficazes, como a proibição de entrada para menores de idade e a criação de cadastros de proteção para jogadores compulsivos. “Em outros países, a modalidade de aposta mais tradicional é a do cassino físico. Ali, é possível implementar mecanismos de controle, como o cadastro negativo de CPF para apostadores problemáticos, algo que falta no ambiente digital”, ressaltou.
Impacto no consumo e no varejo
A CNC destacou ainda que o varejo deixou de faturar cerca de R$ 90 bilhões em 2024, mesmo diante de um aumento no poder de consumo das famílias brasileiras. Tavares sugeriu que parte desse valor pode ter sido absorvido pelas apostas online. “Com o aumento de renda, o consumo deveria estar em alta, mas esse dinheiro está sumindo na atmosfera, sem se refletir em maior poupança ou desempenho no consumo”, comentou.
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