Análise mostra crescimento de 5% no ticket médio dos gastos no setor e queda de 4% no tráfego
Um balanço divulgado nesta semana pelo Instituto Foodservice Brasil (IFB) mostra que, no terceiro trimestre deste ano, os brasileiros gastaram R$ 54,5 bilhões com alimentação fora de casa. O volume, segundo a entidade, é estável em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto o tráfego apresentou queda de 4%, totalizando 3 bilhões de visitas. O ticket médio, no entanto, apresentou crescimento de 5% em comparação com o terceiro trimestre de 2023, alcançando R$ 18,12.
O relatório aponta que os últimos 18 meses foram marcados por um potencial de gasto reprimido, reflexo das oscilações no tráfego. Esse comportamento teve maior impacto no ticket médio, que atingiu o menor nível dos últimos doze meses, evidenciando um padrão sazonal. “Apesar das dificuldades, o setor de foodservice mostra uma tendência de crescimento gradual, mas o consumo adverso e a falta de dinamismo no tráfego continuam a ser uma barreira significativa para a expansão do mercado”, destaca Ingrid Devisate, vice-presidente executiva do IFB.
O segmento de fast food continua sendo um dos pilares do movimentação no setor, com destaque para lanchonetes e padarias, que representam 27% das transações. Os canais off-premise, especialmente o delivery, mostraram crescimento, enquanto os estabelecimentos on-premise enfrentaram quedas acentuadas.
As lanchonetes contabilizaram redução de 68 milhões de tickets em relação ao trimestre do ano anterior, e as padarias apresentaram 212 milhões de transações a menos em comparação a 2023, reforçando a necessidade de inovação para esses segmentos. O relatório do IFB também explora os fatores que impulsionam a escolha do consumidor. O hábito e o preço são fundamentais para a atração e retenção dos clientes, especialmente em um ambiente econômico desafiador.
“Contudo, a percepção de valor tem se deteriorado, com um número crescente de consumidores insatisfeitos com o custo-benefício das transações. Metade dos consumidores demonstrou satisfação abaixo da média em relação à percepção de valorização da compra, o que abre espaço para ajustes estratégicos no posicionamento de preços e promoções”, explica Ingrid Devisate.
Com os dados trimestrais analisados, o IFB destacou pontos principais a serem considerados:
- Estagnação do gasto e queda no tráfego: os operadores devem explorar formas de incentivar o consumo e reverter a tendência de queda;
- Concentração do mercado: os independentes perdem participação para redes mais estruturadas, que possuem maior resiliência para lidar com o atual cenário econômico;
- Diferenciais competitivos básicos: estabelecimentos menores podem se beneficiar de estratégias que priorizem conveniência, produtos específicos e uma percepção de preço justa para fidelizar o público;
- Desafios com a percepção de preço: o aumento de preços precisa ser balanceado com a satisfação do consumidor, sob risco de alienar uma base já sensível a mudanças de preço.