Dono do carro detonado, Francisco Wanderley Luiz, fez ameaças em redes sociais e foi identificado como a vítima que portava um cinto com explosivos improvisados
O Supremo Tribunal Federal (STF) foi evacuado após duas explosões, por volta das 19h30, na área da Praça dos Três Poderes, em Brasília, que fica entre a Corte, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto. Uma pessoa morreu, supostamente tentando lançar artefatos contra o prédio, apurou o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. Cerca de 18 segundos antes, um carro com explosivos no porta-malas foi detonado no estacionamento do Anexo IV da Câmara dos Deputados, que abriga os gabinetes dos deputados. Em vez de uma explosão, o compartimento pegou fogo. No seu interior foram encontrados tijolos e explosivos parcialmente preservados.
A vítima fatal foi identificada como Francisco Wanderley Luiz, que portaria um cinto com explosivos e um dispositivo temporizador digital, além de uma mochila com conteúdo não especificado. Ele chegou a mostrar que carregava algo no peito a um dos seguranças do STF, que suspeitou de sua atitude. Perto da meia-noite o corpo ainda estava no local, pois haveria risco de novas explosões. O esquadrão antibombas da PM vai liberar o corpo para a perícia após avaliações de segurança. Os explosivos eram improvisados com canos e peças metálicas que foram desmantelados com um canhão de jato de água.
O veículo tem placas de Rio do Sul, cidade do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, registrado em nome do próprio Francisco Wanderley Luiz, que foi candidato a vereador pelo PL nas eleições municipais de 2020 e não se elegeu (98 votos). Ele concorreu sob o nome registrado de Tiü França.
A suspeita inicial é que se trataria de um ataque solitário, já que outros envolvidos não teriam sido vistos pelas pessoas que circulavam na praça no momento. A polícia investiga a casa alugada em Ceilândia (DF), um trailer e sua vida em Santa Catarina para descobrir como os explosivos foram obtidos e com quem ele manteria contatos.
Antes da explosão ocorrida em frente ao STF, Francisco Wanderley tentou entrar no prédio e foi repelido. Ao lado da Estátua da Justiça, ele mostrou ao vigilante os artefatos presos ao corpo, conforme declarado no boletim de ocorrência sobre o ataque. A seguir, jogou explosivos embaixo da marquise do edifício sem que houvesse uma detonação. A seguir, deitou-se no chão e houve uma explosão. É impossível determinar se a detonação foi acidental ou um atentado suicida.
As ameaças
Nas redes sociais, o perfil de Luiz mostra que ele postava críticas radicalizadas e erráticas contra a classe política e jornalistas, acusando-os de serem “comunistas”. Em uma postagem dentro do STF, escreveu: “Deixaram a raposa entrar no galinheiro (chiqueiro)”. Em outra, prometeu explosões entre 17h48 de hoje e o próximo sábado (16), quando afirmou: “O jogo acaba”.
Em nota, o STF disse que foram “ouvidos dois fortes estrondos ao final da sessão e os ministros foram retirados do prédio com segurança”. “Os servidores e colaboradores também foram retirados por medida de cautela”, acrescenta. O público que participava da sessão que analisava ação sobre letalidade policial em favelas foi retirado às pressas. As explosões foram ouvidas após o encerramento da sessão.
Esplanada fechada
O acesso a Esplanada dos Ministérios foi fechado após as explosões. A sede do STF deve passar por uma vistoria e o expediente, retomado só na tarde de amanhã, quinta-feira (13), se a área for liberada. O Congresso foi fechado e deve passar por uma vistoria.
Palácio do Planalto
A segurança foi reforçada no Palácio do Planalto, que fica no lado oposto ao STF, na Praça dos Três Poderes. Uma vistoria será feita e a segurança, reforçada.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estava no Planalto no momento das explosões. Ele deixou o local por volta das 17h30 em direção ao Palácio da Alvorada.
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