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Não podemos repetir o erro da CIA

Não se sabe ainda se terrorista Francisco Wanderley Luiz era mesmo um homem-bomba ou se sua morte foi fruto de um acidente. Nestes casos, porém, é melhor escolher a pior hipótese e estabelecer uma estratégia para conter casos semelhantes ao que ocorreu na quarta-feira à noite na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Não podemos cometer o mesmo engano que a CIA no combate ao terrorismo internacional, que culminou no ataque às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001. Até então, a referência mais forte para a central de inteligência americana era o terrorismo europeu, no qual os criminosos explodiam seus artefatos mas preservavam as próprias vidas.

Ao lidar com o extremismo islâmico, os analistas americanos acreditaram que o modus operandi seria o mesmo. Essa avaliação errônea subestimou o fenômeno do homens-bomba – até então vistos como exceções dentro das entidades que patrocinavam o Terror.

Este negacionismo custou caro. Quase três mil vidas foram perdidas nos ataques combinados de 11 de setembro. Por isso, precisamos traçar um estratagema para não permitir a proliferação de homens-bomba em nosso país, sob pena de ver o extremismo proliferar com artefatos explosivos, algo que não víamos desde os tempos da ditadura militar (nessa época, atentados eram orquestrados pela esquerda e pela própria direita, querendo colocar a culpa nos guerrilheiros).

Sabe-se ainda muito pouco sobre Francisco Luiz. Mas é o suficiente para entender que era uma adepto de várias teorias da conspiração, daqueles que viam comunistas até embaixo da cama. Tinha uma mente conturbada e usava as redes sociais para divulgar seus pensamentos e fazer ameaças.

Era um ilustre desconhecido, sem um número expressivo de seguidores. Por isso, ficou abaixo do radar das autoridades. Mas este caso mostra que um lobo solitário pode provocar uma tragédia sem precedentes. Imaginem o que poderia ter acontecido se ele tivesse explodido as bombas dentro do prédio do Supremo Tribunal Federal – ou mesmo do Congresso Nacional.

De agora em diante, a Polícia Federal precisa fazer um monitoramento severo das redes sociais e acompanhar os eventuais suspeitos de perto. A saga de Francisco Luiz pode ser acompanhada por uma conta digital, que também registra a deterioração mental do terrorista. Enquanto chamava de “comunistas” políticos como Fernando Henrique Cardoso, José Sarney e Geraldo Alckmin, estava tudo bem. Mas, nesta semana, prometeu explosões “entre 17h48 de hoje [quarta-feira] e sábado”. Avisou: “o jogo acaba”.

Acabou mesmo. Para ele.

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