Muitos empresários não entendem a performance da economia brasileira, que vai apresentar um crescimento do Produto Interno Bruto superior a 3,3% em 2024. Isso acontece porque os resultados de muitas empresas não refletem o aumento do PIB. Uma das explicações para o desempenho econômico nacional talvez esteja no conceito de “impulso fiscal” usado pelo Fundo Monetário Internacional.
O que é isso?
É uma forma de medir como a política fiscal de um país está influenciando a economia. Se o governo está gastando mais ou diminuindo impostos para estimular a economia, isso é chamado de impulso fiscal expansionista. Se está cortando gastos ou aumentando impostos para desacelerar a economia, é chamado de impulso fiscal contracionista.
Ou seja, o impulso fiscal ajuda a entender se o governo está tentando anabolizar a economia ou acelerar o crescimento econômico através dos gastos públicos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desde o início de seu mandato, reforçou o Bolsa Família, reajustou os salários dos servidores federais (congelados há sete anos) e aumentou o salário-mínimo acima da inflação, impactando os benefícios pagos pela Previdência oficial.
O resultado dessas medidas foi o aumento do consumo, que deu impulso ao PIB desde 2023. Neste quesito, o Brasil é o sétimo país no ranking do FMI das nações que mais deram impulso fiscal à economia. À frente dele, estão Israel, Turquia, Catar, Eslováquia, Noruega, Cazaquistão.
Mas o aumento do déficit público brasileiro não tem a ver apenas com a intenção de turbinar o PIB. O Brasil teve de pagar quase R$ 1 bilhão em precatórios, resultado da PEC Kamikaze de 2022, e precisou lidar com a tragédia climática no Rio Grande do Sul. Esses dois tópicos não entram para o cálculo da meta fiscal. Mas elevaram a dívida pública e inflaram o impulso fiscal calculado pelos analistas do FMI.
Esses dados mostram que a necessidade de se cortar despesas públicas é urgente e a divulgação de um pacote neste sentido já deveria ter sido feita há muito tempo. Infelizmente, o presidente Lula atrasou demais o anúncio desse pacote e fez questão de colocar um tempero ideológico em uma discussão que deveria ser meramente técnica.
Não é a primeira vez que o Brasil tenta deixar a economia robusta através de gestos públicos que fortalecem o consumo. A última vez que experimentamos esse ciclo foi durante o governo de Dilma Rousseff, que jogou o país em um cenário econômico pernicioso: a estagflação.
Impressionante como o presidente Lula, com seus 79 anos, ainda não tenha percebido até agora os riscos de repetir uma política que fracassou no passado recente. A economia brasileira é resiliente e sólida. Mas o governo está abusando da sorte ao desprezar os fundamentos mais básicos da ciência econômica ao gastar mais do que deve.
Uma resposta
Concordo totalmente , parece que perderam o senso de urgência nesta questão , impactando de forma negativa , o mercado financeiro . A escalada do dólar para 5,82 é a demonstração inequívoca que nossa moeda está sendo corroída quase 20 por cento este ano . Tática do governo de procrastinar o anúncio deste pacote , agora qualquer valor que vier abaixo de 70 bilhões não terá muito impacto , se fosse numa empresa multinacional , jamais se levaria tanto tempo para tomar a decisão de cortes , que visariam o equilíbrio da empresa . Fico pasmo com a escalada no juro que antes se aplicava a Ipca mais 4 por cento e hoje passou para 7 % real um dos maiores do mundo . Vamos ver ainda que tardio , se o bom senso prevalece e venha na semana que vem um corte robusto de despesas para 2025 e 2026c, buscando o equilíbrio fiscal .