Decisão ainda gera críticas de ativistas e países em desenvolvimento sobre insuficiência de recursos
A poucas horas da publicação do texto final da COP29, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, países ricos concordaram em aumentar a oferta de financiamento climático para US$ 300 bilhões por ano. A informação foi divulgada pelo jornal britânico The Guardian, que destacou que o acordo foi fechado após intensas negociações a portas fechadas entre ministros e chefes de delegações, incluindo representantes do Brasil.
A decisão marca uma tentativa de responder às críticas sobre a proposta inicial de US$ 250 bilhões anuais, apresentada na sexta-feira, que foi amplamente considerada insuficiente. Segundo o The Guardian, a pressão internacional e a reação negativa levaram a um esforço diplomático para elevar a meta, buscando atender, ao menos parcialmente, as demandas dos países em desenvolvimento.
No entanto, o novo valor ainda está longe do necessário para permitir uma transição efetiva para uma economia de baixo carbono e para lidar com os impactos crescentes de eventos climáticos extremos. “O financiamento climático precisa ser muito mais ambicioso. Doações devem substituir empréstimos para que os países pobres tenham condições reais de adaptação e mitigação”, disseram delegados de nações emergentes.
Greta Thunberg critica texto preliminar
A ativista sueca Greta Thunberg utilizou as redes sociais para criticar duramente os rumos da conferência. Em sua postagem, afirmou que “não deve ser surpresa que mais uma COP esteja fracassando” e chamou o rascunho do texto final de “desastre completo”. Ela também destacou que os países desenvolvidos ainda não assumiram sua responsabilidade de financiar adequadamente as ações climáticas globais.
“Cabe a nós, como coletivo global, tomar as medidas que precisamos tão desesperadamente. Esta COP29 é mais uma prova de que eles não farão isso por nós”, declarou Thunberg.
Disputa entre países ricos e emergentes
O texto preliminar do acordo, divulgado na sexta-feira, estipula que os países em desenvolvimento receberiam pelo menos US$ 1,3 trilhão anuais em financiamento climático até 2035. Contudo, a maioria dos países pobres exige que uma parcela significativa desse valor seja composta por doações, não empréstimos.
A Índia, por exemplo, é um dos maiores beneficiários em potencial desses repasses devido à sua grande população e infraestrutura energética limitada. Já os Estados Unidos têm resistido ao avanço das negociações, argumentando que grandes economias emergentes, como China e Brasil, apresentam metas climáticas vagas e insuficientes.
“É essencial que esta conferência adote decisões fortes em todas as áreas, incluindo mitigação, adaptação e financiamento climático”, defendeu John Podesta, enviado dos EUA para o clima, durante a plenária da COP29.