Boletim de MR sobre medicina, pesquisa, inovação, saúde mental, negócios e políticas públicas
Um implante para acabar com o ronco
Doença que provoca pausas na respiração durante o sono e roncos que prejudicam a qualidade do repouso, a apneia obstrutiva em suas manifestações graves é potencialmente fatal. Para contornar o problema, não faltam estudos e dispositivos. Pouco deles efetivos e nenhum capaz de oferecer uma solução geral. A novidade desta vez está no Reino Unido, onde um estudo equipa pacientes com um dispositivo controlado por aplicativo que estimula os nervos da língua para ajudar na respiração durante o sono.
Ao estimular a língua, seria evitado o problema recorrente da apneia obstrutiva do sono, quando as paredes da garganta relaxam e estreitam, produzindo bloqueios que geram engasgos, roncos altos e despertar agitado. Os implantes Genio e Inspire são testados por médicos do University College London Hospitals NHS Foundation Trust (UCLH). Ambos estimulam o nervo hipoglosso, que controla os músculos linguais. Em comparação, o método mais comum são as máquinas de pressão positiva contínua nas vias aéreas (Cpap), como na imagem de destaque, que são desconfortáveis.
Os testados sofrem uma pequena intervenção. Uma incisão de 6 centímetros é feita abaixo do queixo para alcançar os nervos que controlam a língua. O estimulador instalado é controlado por um chip externo preso ao queixo por um adesivo. Durante o dia, o adesivo pode ser removido e o chip, recarregado. Durante os testes, os pacientes podem ajustar o nível de estimulação e monitorar seu sono por um aplicativo de smartphone. Os participantes do teste sofrem de apneia do sono do nível moderado ao muito grave, com índice de massa corporal abaixo de 35.
Marcadores clínicos dos estágios do Parkinson são identificados
Um estudo em 20 países analisou imagens cerebrais de mais de 2,5 mil pessoas acometidas de Mal de Parkinson em diferentes fases. As comparações permitiram identificar padrões de neurodegeneração, estabelecendo marcadores clínicos para as cinco fases identificadas da doença. O resultado foi publicado na NPJ Parkinson’s Disease e permitirá melhora nas análises, facilitando futuros tratamentos. A doença segue sem cura, porém a deficiência de dopamina pode ser mitigada. A falta desse neurotransmissor entre os afetados desencadeia todas as alterações cerebrais danosas.
O que MR publicou
- Como esta empresa combate a inflação médica
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- Estudo explora alívios e frustrações do consumo compensatório
Câncer pode se tornar a doença que mais mata no Brasil
As doenças cardiovasculares são as maiores causadoras de óbitos no Brasil, porém devem perder o posto para o câncer dentro de algum tempo, pelo menos nas grandes cidades. Um estudo publicado na The Lancet – Regional Health Americas indica essa transição. Em 2000, os tumores malignos eram identificados como a causa de 7% das mortes. Em nenhum estado a doença liderava as estatísticas. Em 2019, o câncer cresceu em 15 estados e virou a principal causa mortis em 13% das cidades. Essas mudança vai exigir novos políticas públicas, principalmente nas pequenas cidades, onde os tratamentos são precários, e a formação de mais médicos especialistas e investimentos em tratamentos nos sistemas público e privados.
O trabalho envolveu pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (EUA), da Universidade Autônoma do Chile, do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde, da Fundação Getúlio Vargas, do A.C. Camargo Cancer Center e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Eles compilaram dados dos 5,57 mil municípios brasileiros que constavam no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.
Acesso aos prontuários de mulheres que fizeram abortos é proibido
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proibiu o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) de requisitar prontuários de pacientes que realizaram aborto legal em hospitais paulistas. A decisão foi motivada por notícias publicadas pela imprensa sobre solicitações de acesso que teriam sido feitas pelo Cremesp ao Hospital das Clínicas de Botucatu (SP). Na decisão, que foi publicada nesta quinta-feira (12), Moraes determina que a proibição de acesso aos prontuários das pacientes se estenda a todos os hospitais do estado.
Moraes também determinou a intimação do conselho para explicar os pedidos de acesso aos prontuários. Em maio deste ano, Alexandre de Moraes suspendeu a resolução aprovada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) para proibir a assistolia fetal para interrupção de gravidez. O procedimento é usado pela medicina nos casos de abortos previstos em lei, como o caso de estupro. No mês seguinte, o ministro determinou a suspensão de processos disciplinares abertos pelo Cremesp contra médicos que realizaram a assistolia. O caso chegou ao STF por meio de uma ação protocolada pelo Psol.
Ao editar a resolução, o CFM entendeu que o ato médico da assistolia provoca a morte do feto antes do procedimento de interrupção da gravidez e decidiu vetar o procedimento. “É vedada ao médico a realização do procedimento de assistolia fetal, ato médico que ocasiona o feticídio, previamente aos procedimentos de interrupção da gravidez nos casos de aborto previsto em lei, ou seja, feto oriundo de estupro, quando houver probabilidade de sobrevida do feto em idade gestacional acima de 22 semanas”, definiu o CFM. (Agência Brasil)
Aids: Brasil tem alta de casos, mas menor mortalidade desde 2013
Em 2023, o Brasil registrou aumento de 4,5% no número de casos de HIV em comparação a 2022. No entanto, no mesmo período, a taxa de mortalidade caiu para 3,9 óbitos, a menor dos últimos dez anos, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (12) pelo Ministério da Saúde. No total, foram registrados 38 mil casos da doença no ano passado. A Região Norte teve a maior taxa de detecção (26%), seguida pela Região Sul, 25%. A maioria dos casos foi registrada entre homens (cerca de 27 mil). Quanto à faixa etária, os casos ocorrem entre pessoas de 25 a 29 anos de idade.
As mortes por aids chegaram a 10.338 em 2023, o menor registro desde 2013. Segundo o Ministério da Saúde, a elevação de casos está relacionada à ampliação da oferta da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP).
Neste ano, o Brasil alcançou 109 mil usuários com tratamento PrEP, ante 50,7 mil em 2022. A profilaxia é distribuída, de forma gratuita, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo uma das principais estratégias para prevenir a infecção pelo HIV.
O aumento dos diagnósticos fez o Brasil alcançar mais uma etapa para eliminar a aids como problema de saúde pública até 2030, compromisso assumido com as Nações Unidas. Em 2023, 96% das pessoas infectadas por HIV e que não sabiam da condição foram diagnosticadas.
A meta da ONU prevê que 95% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas; 95% delas em tratamento antirretroviral; e, do grupo em tratamento, 95% com HIV intransmissível. Atualmente, os percentuais brasileiros para esses requisitos são 96%, 82% e 95%, respectivamente, conforme o ministério. (Agência Brasil)