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Exame: Melnick mira SC com projetos que somam R$ 17 bi

Primeiro projeto terá R$ 2,5 bilhões em valor geral de vendas e contará com apartamentos de até R$ 100 milhões

Uma das construtoras mais conhecidas do Rio Grande do Sul, a Melnick finalmente atravessará o Rio Mampituba, na divisa gaúcha, rumo a Santa Catarina.

Após 54 anos movimentando Porto Alegre com obras de alto padrão, a incorporadora gaúcha agora desembarca no litoral catarinense com um portfólio de 11 projetos que somam 17,7 bilhões de reais em Valor Geral de Vendas (VGV).

O ponto de partida é a Praia Brava, em Itajaí, cidade vizinha de Balneário Camboriú, o principal polo imobiliário do Brasil nos últimos anos.

Lá, a Melnick participará do desenvolvimento do Tempo, um empreendimento com sete torres residenciais e um hotel de luxo da rede Emiliano, com VGV de 2,5 bilhões de reais. Haverá unidades de 400 a 1.000 metros quadrados, que custarão até 100 milhões de reais.

O projeto é assinado pelo escritório britânico Foster+Partners, liderado pelo arquiteto Norman Foster, responsável por obras icônicas como o Apple Park, nos Estados Unidos, e o The Gherkin, em Londres.

“Santa Catarina é um mercado pujante, mas olhamos com cuidado”, diz Leandro Melnick, CEO da incorporadora. “Ficamos três anos estudando para entender se o crescimento era consistente ou uma bolha. Vimos um estado que atrai investidores, tem uma demografia favorável e busca projetos mais qualificados. Decidimos entrar com cautela, mantendo nossa estratégia de baixo risco.”

A história

Fundada em 1970 como uma empresa familiar focada no alto padrão, a Melnick se consolidou no Rio Grande do Sul com uma estratégia de baixo risco e alta rentabilidade. A grande virada veio em 2008, com a aposta em parcerias estratégicas, principalmente com a Even, de São Paulo, e foco em projetos com retorno de investimento elevado.

Aliás, em 2010, um fundo liderado por membros da família Melnick se tornou o principal acionista da incorporadora Even, de São Paulo, adquirindo 48% das ações da companhia. Na época, a operação chamou a atenção por inverter a lógica do mercado: uma empresa regional do Sul passou a controlar uma incorporadora paulista, que tinha uma presença mais consolidada nacionalmente.

Nessa toada, a Melnick cresceu sem sair de Porto Alegre, seu principal mercado, e hoje domina 35% do mercado imobiliário da capital gaúcha. Esse desempenho permitiu à Melnick abrir capital em 2020 e consolidar sua reputação de solidez financeira.

Por que agora

A decisão de expandir para Santa Catarina foi impulsionada por uma combinação de fatores econômicos e estratégicos.

Desde o IPO em 2020, a Melnick adotou uma postura cautelosa devido às mudanças no cenário macroeconômico, como a alta dos juros e as tensões políticas no Brasil e no mundo. Em Porto Alegre, o mercado enfrentou desafios adicionais, como a enchente histórica de 2024, que impactou o ritmo de novos projetos e limitou o crescimento local.

Enquanto isso, Santa Catarina despontou como um mercado com valorização imobiliária acelerada, crescimento populacional e demanda por empreendimentos de alto padrão, especialmente no litoral norte. Após três anos de estudos, a Melnick viu no estado uma oportunidade consistente e com baixo risco, alinhada à sua estratégia de expansão.

“São Paulo é um mercado único. Não existe outra São Paulo no Brasil, mas há ‘muitas Porto Alegres’ espalhadas por aí”, diz Leandro. “E em Santa Catarina, temos esse cenário”.

Como será a expansão

A estratégia da Melnick para crescer fora do Rio Grande do Sul é baseada em parcerias com incorporadoras locais.

O modelo, testado com sucesso em Porto Alegre, combina a experiência da Melnick em gestão, engenharia e produto com o conhecimento regional dos sócios locais.

Na prática, a empresa entra com consultoria técnica e expertise de uma incorporadora de capital aberto, enquanto os parceiros contribuem com terrenos e atuação no mercado local.

Inicialmente, a Melnick participa como consultora, mas já está previsto um papel mais ativo como sócia nos próximos projetos.

“Aprendemos que crescer com parcerias é mais inteligente e reduz os riscos. O incorporador local mantém sua autonomia e identidade, enquanto nós agregamos estrutura e experiência”, explica o CEO.

O primeiro projeto, em Itajaí, será feito em parceria com uma incorporadora recém-lançada, chamada Müze. Ela é fundada por membros de grandes famílias empresariais da região.

O litoral norte de Santa Catarina, puxado por Balneário Camboriú e Itajaí, tem mostrado valorização imobiliária consistente. Em 2024, o preço médio do metro quadrado na região chegou a 13.593 reais, o mais alto do país.

Imóveis de luxo na orla já ultrapassam os 100 mil reais por metro quadrado.

Para Leandro Melnick, o crescimento é sustentado por uma combinação de fatores: aumento populacional, migração de investidores de outras regiões do Brasil e uma demanda crescente por projetos de alto padrão.

“Esse cenário foi um dos pontos que nos convenceram”, diz. “O comprador está mais exigente e busca imóveis com diferenciais de qualidade, arquitetura e serviços”.

O futuro

Com a entrada em Santa Catarina, a Melnick dá início a um ciclo de expansão nacional sem abrir mão de sua estratégia cautelosa.

Além do Tempo, a empresa já firmou acordos para desenvolver outros 11 projetos em Balneário Camboriú, Itapema e Florianópolis. Os endereços ainda não são divulgados, nem as incorporadoras locais que participarão dos empreendimentos.

O primeiro lançamento, na Praia Brava, terá pré-venda iniciada em janeiro de 2025 e início das obras no segundo semestre. Enquanto isso, a empresa trabalha em novos projetos, todos com terrenos estratégicos e foco no alto padrão.

“Queremos impactar o litoral catarinense com projetos diferenciados, como já fizemos em Porto Alegre”, diz o CEO. “A Melnick não aposta em volume, mas em qualidade”.

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Por Daniel Giussani

Publicado originalmente em: encurtador.com.br/9JIUB

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