Alimentos e serviços devem pressionar preços ao longo do ano que vem. Esperança reside em eventuais quedas de juros no exterior. PIB projetado é de 3,5%
O relatório trimestral de inflação do Banco Central (BC) divulgado nesta quinta-feira (19) confirma perspectivas pessimistas para altas de preços acima da teto da meta de 3% para 2025. Por enquanto a inflação bateria 4,6%. As análises e projeções da instituição também evidenciam que a atividade econômica segue firme globalmente, com redução gradual dos juros por parte dos bancos centrais das maiores economias, principalmente nos Estados Unidos. Esta tendência ajudaria a sustentar a atividade e o emprego no Brasil, atenuando a perspectiva de desaceleração. O resultado é uma confirmação das projeções anteriores.
Os aspectos preocupantes do relatório apontam para alta da inflação em função dos preços dos alimentos e da presente elevação acentuada do dólar. De acordo com os analistas, o desempenho do Brasil depende de movimentos sensíveis nos cenários interno e externo. “Uma redução mais forte do crescimento econômico global ou da inflação mundial poderiam ajudar a reduzir a inflação no Brasil”, aponta o documento. Todavia, segue: “Os riscos que dificultariam o controle da inflação seguem mais fortes do que aqueles que atuariam no sentido contrário”. Ou seja, alguma contração externa aliviaria o câmbio, mas se o freio for muito forte, prejudicaria exportações, esfriando a atividade. Por oposição direta, um quadro inverso dispararia mais as inflações de consumo e dos serviços por aqui.
Juros em queda nas grandes economias
- Núcleos de inflação seguem elevados com trajetória lenta de queda.
- A atividade econômica global mantém-se resiliente, sustentada por emprego, renda e consumo, mas com perspectivas de uma moderação gradual.
- Bancos centrais de economias avançadas seguem avaliando o equilíbrio entre a estabilidade de preços e o pleno emprego.
Atividade em alta
- A taxa de desemprego recuou em outubro para o menor nível da série histórica.
- A economia brasileira manteve ritmo forte de crescimento no terceiro trimestre. Mais uma vez, o crescimento foi maior do que o esperado.
- A demanda doméstica e as atividades mais sensíveis ao ciclo econômico têm se destacado em 2024.
- As projeções de crescimento do PIB foram revisadas para cima: 3,5% em 2024 e 2,1% em 2025. Portanto, está mantida a perspectiva de desaceleração da economia no próximo ano.
Preços acima da meta
- A inflação acumulada em 12 meses aumentou de 4,2% em agosto para 4,9% em novembro.
- As expectativas dos analistas econômicos para a inflação voltaram a piorar, atingindo 4,6% para 2025 e 4% para 2026, ficando ainda mais distantes da meta de inflação de 3%.
- Essa piora do quadro inflacionário ocorre em um cenário de pressão sobre os preços de alguns alimentos, especialmente carnes, de aquecimento da atividade econômica e de acentuada alta do dólar.
Projeções de piora
- No horizonte relevante para a política monetária, correspondendo ao segundo trimestre de 2026, a projeção de inflação aumentou para 4,0%.
- Em função da materialização de riscos, o cenário se mostra mais adverso e menos incerto.
- Expectativas de inflação desancoradas por muito tempo, inflação de serviços mais resiliente em função da atividade econômica aquecida e políticas econômicas de impacto inflacionário podem dificultar o controle da inflação.
- Por outro lado, uma redução mais forte do crescimento econômico global ou da inflação mundial poderiam ajudar a reduzir a inflação no Brasil.
- Os riscos que dificultariam o controle da inflação seguem mais fortes do que aqueles que atuariam no sentido contrário.