Pesquisar
PATROCINADORES
PATROCINADORES

Campos Neto e Galípolo tentam acalmar mercados e segurar dólar

País viveria momento atípico, com maiores remessas de lucros ao exterior impulsionando temores com os indicativos de altas seguidas de juros: “Sem bala de prata”

Em uma coletiva inédita por colocar dois presidentes do Banco Central (BC) simultaneamente para explicar a condução da política monetária na tentativa de acalmar investidores alarmados e evitar uma corrida maior ainda por dólares, após o câmbio bater R$ 6,30 nesta manhã (19), Roberto Campos Neto (que encerra seu mandato em 31 de dezembro) e Gabriel Galípolo (que assume em 1º de janeiro) agiram em conjunto durante a apresentação do Relatório Trimestral de Inflação do BC, em Brasília.

Galípolo afirmou que o presidente Lula sabe dos problemas estruturais da economia e que não solução mágica. “Todos vocês sabem, mercado, academia, sabe que é muito difícil apresentar qualquer projeto, programa fiscal que vá ser uma bala de prata, que vá dar conta de endereçar todos esses problemas que existem no curto prazo, no curtíssimo prazo”, disse.

Campos Neto começou explicando que houve uma saída extraordinária de recursos do país neste fim de ano em função da melhora da economia, além de pessoas físicas se valendo de plataformas bancárias. Este comportamento foi amplificado pela elevação dos juros na semana passada e a indicação de novos aumentos, o que gerou temores e busca pelo dólar. Isso forçou a instituição a abrir dois leilões de venda da moeda norte-americana. A seguir, ele explicou que o BC segue sem meta para o dólar, que seguirá flutuante, e que novos leilões podem ser feitos. “Estamos mapeando fluxo do dia a dia”.

O economista comentou: “A gente discute e tenta fazer uma intervenção que se contrabalenceie o fluxo que estamos vendo. Geralmente fatiamos [as intervenções] em alguns dias”. Campos Neto se referia aos US$ 8 bilhões vendidos à vista hoje. Como a demanda foi grande pelos primeiros US$ 3 bilhões, mais US$ 5 bilhões foram ofertados. Ele alertou: “Pode haver uma disfuncionalidade de preços. Para isso que existem as reservas“, citando os US$ 370 bilhões guardados.

Na sua vez, Galípolo foi mais didaticamente político, descartando que haveria um “ataque especulativo” em curso. “Não é correto tentar tratar o mercado como um bloco monolítico, uma coisa só, coordenada. Mercado funciona geralmente com posições contrárias, tem alguém comprando e alguém vendendo. Quando o preço de ativo se mobiliza em uma direção, têm vencedores e perdedores. Ataque especulativo não representa bem como o movimento está acontecendo no mercado hoje“, declarou.

O desafio para ambos é convencer o mercado enquanto o Executivo e o Legislativo não se acertam de fato para um pacote estrutural e eficiente de corte de gastos. Foi neste do momento delicado que Campos Neto fez sua despedida. Ele afirmou que fez uma transição de cargo “mais suave possível” e “a mais bem planejada independentemente da polarização”.

O que MR publicou

Compartilhe

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar

©2017-2020 Money Report. Todos os direitos reservados. Money Report preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por sua equipe.