Aplicativo asiático aposta no Brasil como mercado-chave, acelerando crescimento global
Carros, vans, pequenos caminhões e motos com adesivos laranjas e um beija-flor no logo se tornam cada vez mais comuns no trânsito quase sempre caótico de São Paulo. A asiática Lalamove chegou ao Brasil há cinco anos e se dedica a fazer entregas de todos os tipos de olho nas oportunidades na logística urbana. De pequenos pacotes a transporte de móveis, tudo com preços competitivos. A ideia da companhia, que já atua em dezoito cidades, é espalhar seus serviços de entrega por todo país.
A companhia cobra uma taxa fixa dos motoristas, enquanto o adesivamento, apesar de gratuito, não é obrigatório. Ainda assim, cerca de 30% dos grandes veículos cadastrados em São Paulo circulam por aí com o adesivo laranja da marca. A prática aumenta a visibilidade da empresa e oferece benefícios aos motoristas parceiros, como prioridade nos pedidos e redução de taxas.
A base de motoristas parceiros em São Paulo cresceu 234% no último ano, enquanto no Rio de Janeiro, o aumento é ainda maior, chegando a 253%. “Com mais motoristas cadastrados, os usuários se beneficiam com mais opções de veículos e maior agilidade nas entregas”, diz Helena Lizo, diretora-geral da Lalamove no Brasil.
Esse modelo ajudou a Lalamove a crescer rapidamente no Brasil. Desde 2019, o número de pedidos aumentou, em média, 155% ao ano, com destaque para carretos e utilitários, que registraram alta de 265%. Além disso, a plataforma atrai tanto pequenos empresários quanto usuários individuais, interessados em uma solução ágil e prática para demandas logísticas.
“Transportar grandes volumes com agilidade e conveniência foi uma das principais necessidades identificadas no Brasil, principalmente para quem lidera um negócio”, diz Lizo. A executiva afirma que o crescimento da base de motoristas parceiros e o uso de diferentes tipos de veículos são diferenciais importantes da operação no país.
O aplicativo conquistou relevância também entre pequenos e médios empreendedores. Muitos deles usam a plataforma para evitar a complexidade de gerenciar frotas próprias. O número de novos clientes corporativos cresce, em média, 65% ao ano. Varejistas são o principal público, especialmente para entregas rápidas e transporte de grandes volumes.
Para acompanhar o crescimento por aqui, a empresa investiu em infraestrutura. No fim do ano, inaugurou um escritório na Lapa, em São Paulo, que conta com um centro para adesivação de veículos. O desafio da companhia será manter o ritmo de crescimento enquanto o mercado amadurece. A competição é forte, com mais de 30 plataformas atuando no Brasil.
Os dados globais e IPO
A operação brasileira é apenas uma parte do que a Lalamove representa globalmente. A companhia foi fundada em 2013 por Shing Chow, um aluno da Universidade Stanford que levantou recursos para criar a empresa jogando pôquer profissionalmente.
A empresa com sede em Hong Kong se consolidou como líder mundial em transações logísticas de frete de ponta a ponta, sem depender de intermediários.
Em 2023, a plataforma processou mais de 588 milhões de pedidos, atingindo um volume bruto de transações (GTV) de 8,7 bilhões de dólares. A receita global no mesmo ano foi de 1,33 bilhão de dólares, um crescimento de 57% em relação a 2021.
A rentabilidade, algo incomum no setor de logística sob demanda, é outro destaque. A Lalamove alcançou um lucro ajustado de 390 milhões de dólares em 2023, apoiada pelo aumento das margens brutas, que passaram de 39% em 2021 para 61% em 2023.
Com presença em 12 mercados, espalhados pela Ásia e América Latina, a Lalamove utiliza sua experiência para crescer em regiões onde a urbanização e o comércio eletrônico impulsionam a demanda por entregas rápidas e flexíveis.
Apesar dos números robustos, a empresa ainda enfrenta desafios para concretizar sua expansão global. Desde 2021, a Lalamove tenta abrir capital, mas os planos de IPO foram adiados mais de uma vez. Um novo pedido está em análise. Resta saber quando a gigante asiática vai conseguir capital para crescer globalmente no longo prazo.
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Por Isabela Rovaroto
Publicado originalmente em: bit.ly/3CiW2yH