O presidente americano, Donald Trump, assumiu a Casa Branca ontem e suas primeiras decisões são música para os ouvidos conservadores. De uma tacada só, Trump disse que só existem dois gêneros (masculino e feminino), cancelou programas que promoviam diversidade e inclusão, além de garantir liberdade de expressão sem limites nas redes sociais.
Ao exaltar a meritocracia, Trump usou a palavra “colorblind”, que normalmente é trazida como “daltonismo”. Mas, nesse contexto, pode ser interpretada como uma forma de exaltar a capacidade das pessoas sem levar em consideração a cor de sua pele. Como os eleitores negros que votaram no candidato republicano irão reagir a este posicionamento do presidente? Se existir repúdio, será uma reação mais do que esperada. Se houver um apoio, no entanto, é sinal de que algum movimento muito forte de transformação está ocorrendo na sociedade americana.
Sim, a política “woke” é a grande perdedora com a ascensão de Donald Trump. Mas por que isso aconteceu?
Em primeiro lugar, vamos lembrar que o nosso contexto de polarização tem a cultura “woke” como um de seus pontos principais. Esquerda e direita se digladiam fortemente em questões de gênero e de diversidade. Esse discurso tem uma componente de raiva e de rancor vinda dos dois lados da ribalta.
Enquanto esteve ditando boa parte das cartas, os adeptos da cultura “woke” tentaram impor um discurso não tinha sido absorvido por toda a sociedade. E esse processo foi feito com agressividade, com severas campanhas nas redes sociais ou através de entidades governamentais ou até departamentos de recursos humanos de empresas.
Tal agressividade gerou um contra-ataque poderoso. E, neste contexto, nunca a palavra “reacionário” ganhou tanta importância. Segundo a Wikipédia (sei que existem fontes melhores, mas…), o “reacionário pode ser definido como uma pessoa ou entidade com opiniões políticas que favorecem o retorno a um estado político anterior da sociedade. Como adjetivo, a palavra “reacionário” descreve pontos de vista e políticas destinadas a restaurar um status quo do passado. Um reacionário é literalmente alguém que reage contra algum desenvolvimento ou mudança, ou se propõe a propostas de mudança na sociedade. O termo é normalmente usado em associação ou mesmo no lugar de “conservador”, embora isso seja bastante relativo”.
Neste primeiro momento, a prioridade foi garantir o apoio dos conservadores através de um bombardeiro em cima de questões ligadas à cultura “woke”. Mas precisamos nos preparar, mesmo, para a agenda econômica do novo governo.
Essa pauta virá em seguir, com o inevitável enfrentamento econômico em direção à China e o início de medidas protecionista contra vários países, entre os quais o Brasil. Os primeiros alvos já foram definidos: Canadá e México, pela proximidade geográfica, vão enfrentar novos tributos de importação a parte de fevereiro (provavelmente um aumento na casa de 25%).
Esses temas não devem incendiar as redes sociais, mas têm efeito prático e direto em nossas vidas e deverão moldar o os próximos anos de nossa nação. Como na canção do Barão Vermelho, o futuro do Brasil é duvidoso, pois pode haver grana e dor para todos nós, dependendo do que surgir da agenda americana.
Com a guerra de tarifas que surgirá do governo Trump, o Brasil perderá negócios com os Estados Unidos, mas pode ser beneficiado por oportunidades que se abrirão com a China. O novo presidente, no entanto, não poderá apertar tanto o Brasil, sob pena de nos jogar no colo dos chineses. Mas, em compensação, precisaremos raciocinar se será bom para nós concentrarmos tantos negócios com a China, sob a pena de sermos dependentes demais de Beijing.
Os próximos meses serão cruciais para nós. Preparem os seus corações.