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Lula e o interesse repentino nos empreendedores

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é frequentemente acusado de ter uma visão antiquada sobre a sociedade brasileira e de tentar repetir uma gestão semelhante aos mandatos petistas do passado. Nesta semana, porém, foi possível perceber que Lula começou a enxergar a necessidade de mudar seu entendimento sobre o Brasil e a transformação no perfil do eleitorado nacional.

Na primeira reunião ministerial de 2025, Lula deu o pontapé inicial à campanha eleitoral do ano que vem e cobrou de seus auxiliares mais próximos medidas que possam melhorar a imagem do governo. Mas um trecho de sua fala merece ser destacado. “O povo com quem estamos trabalhando hoje não é o povo dos anos 1980, que queria ter um emprego com carteira assinada. É um povo que está virando empreendedor e precisamos aprender a trabalhar com essa nova formação do povo brasileiro”, disse o presidente.

Chama a atenção que Lula tenha usado a palavra “povo” quatro vezes em um intervalo de tempo tão pequeno. Talvez tenha sido o jeito que encontrou para reforçar a importância daquilo que estava dizendo aos ministros. De qualquer forma, a conclusão mais importante desse declaração é o reconhecimento de que a sociedade brasileira mudou nos últimos anos e que o empreendedorismo ganhou uma importância que não tinha há algumas décadas.

Esse fenômeno pôde ser observado na campanha para a prefeitura em 2024. O candidato Pablo Marçal montou boa parte de sua estratégia em cima do interesse dos eleitores em enriquecer através do empreendedorismo. Também usou de outros estratagemas para se posicionar bem nas pesquisas eleitorais, é verdade. Mas seu discurso foi calcado nas oportunidades que um empreendedor consegue levantar e como ele poderia ajudar os eleitores a trilharem um caminho parecido com o seu.

Demorou, mas a ficha de Lula parece ter caído – pelo menos é o que sugere a frase dita na reunião ministerial. Resta saber, agora, se esse entendimento é fruto de uma estratégia de marketing bolada pelo novo secretário de Comunicação, Sidônio Palmeira, ou se é para valer.

Hoje, há mais de 9 milhões de micro e pequenas empresas no Brasil. Estas iniciativas representam cerca de 27% do Produto Interno Bruto (em 2000, essa participação era de 20%). Além disso, dados do Sebrae mostram que, no ano passado, os empreendedores geraram 80% dos novos empregos no Brasil.

Temos um governo que, até agora, criou inúmeras dificuldades para o empresário e patrocinou medidas antimercado. Seria muito esquisito ver a administração Lula apoiando o empreendedor, de um lado, e criando dificuldades para o andar de cima da iniciativa privada.

Além do mais, o presidente sempre joga ricos contra pobres em seus discursos. Como isso vai ficar de agora em diante, com Lula querendo agradar os trabalhadores que desejam deixar seus empregos para se tornarem empregadores?

Sidônio Palmeira vai precisar de muito malabarismo para divulgar essa nova fase do governo.

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