Mariann Edgar Budde pede “misericórdia” para imigrantes e LGBTQ+; Trump reage exigindo desculpas
Durante o tradicional Serviço Nacional de Oração realizado na terça-feira (21), na Catedral Nacional de Washington, a bispa Mariann Edgar Budde fez um apelo direto ao presidente Donald Trump, pedindo misericórdia para imigrantes e a comunidade LGBTQ+. A resposta do presidente, no entanto, veio em tom crítico, incluindo uma postagem em sua rede social Truth Social, onde chamou Budde de “radical de esquerda” e exigiu desculpas.
Aos 65 anos, Mariann Edgar Budde é a primeira mulher a ocupar o cargo de líder espiritual da Diocese Episcopal de Washington, posição que exerce desde 2011. Antes disso, atuou como reitora em Minneapolis por quase duas décadas. Conhecida por seu ativismo em defesa de justiça social, Budde tem um histórico de críticas à gestão de Trump, especialmente após episódios como o uso da polícia para dispersar manifestantes na Lafayette Square em 2020, quando o então presidente posou para fotos segurando uma Bíblia na Igreja de St. John.
“Jesus nos chama a imitar seu amor sacrificial e construir o Reino de Deus na Terra”, escreveu ela na época em artigo no The New York Times.
O sermão e a reação de Trump
No sermão, Budde fez um apelo ao presidente, que assistia à cerimônia com expressão séria. “Peço que tenha misericórdia das pessoas em nosso país que estão assustadas agora”, disse ela. Citando crianças LGBTQ+ e trabalhadores imigrantes, a bispa destacou:
“As pessoas que colhem nossos alimentos, limpam nossos escritórios e trabalham nos hospitais podem não ter documentação, mas a grande maioria não é criminosa. Peço que tenha misericórdia, sr. Presidente, daqueles cujos filhos temem pela deportação de seus pais.”
O sermão de Budde veio um dia após Trump anunciar medidas que incluem a revogação de programas de diversidade e a assinatura de decretos que dificultam a obtenção de cidadania americana para filhos de imigrantes nascidos nos Estados Unidos. A bispa pediu ao presidente que reconhecesse a dignidade de todos os seres humanos e demonstrasse compaixão.
Trump, que participou do evento ao lado do vice-presidente JD Vance, reagiu de forma negativa. Em declaração à imprensa, afirmou que o culto “não foi emocionante” e que “os organizadores podiam fazer muito melhor”.
Um apelo à liderança
Em entrevista após o evento, Budde afirmou que sua intenção não era confrontar diretamente o presidente, mas sim destacar o medo presente nas comunidades de imigrantes e LGBTQ+. “Uma das qualidades de um líder é a misericórdia”, disse ela.
Apesar da polêmica, Budde espera que sua mensagem ressoe além dos ouvidos do presidente. “Queria lembrar que essas pessoas são nossos vizinhos”, concluiu, reiterando sua preocupação com o aumento do discurso de crueldade no país.
Medidas provocam reações legais e sociais
Os decretos de Trump têm gerado controvérsia em todo o país. O presidente ordenou o fechamento imediato de agências de diversidade e inclusão, colocando funcionários em licença remunerada. Além disso, universidades e instituições que recebem fundos federais também deverão encerrar suas iniciativas voltadas à equidade racial e de gênero.
Em resposta, 22 estados americanos e as cidades de San Francisco e Washington, D.C., entraram na Justiça para contestar as novas diretrizes. Segundo Matt Platkin, procurador-geral de Nova Jersey, “Trump não pode reescrever a Constituição”.
Além disso, as decisões de Trump vêm repercutindo internacionalmente. Programas financiados pelos EUA em outros países, incluindo o Brasil, também podem ser afetados pelas medidas.
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