Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar recuava nesta quarta-feira frente ao real, num movimento de correção após a forte alta da véspera, mas com os investidores ainda cautelosos com o julgamento em segunda instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pode alterar a corrida eleitoral deste ano.
Às 10:13, o dólar recuava 0,69 por cento, a 3,2156 reais na venda, depois de saltar 0,90 por cento na véspera, aproximando-se do patamar de 3,25 reais. O dólar futuro tinha baixa de cerca de 0,70 por cento.
“O fato é que, independentemente do resultado de hoje, o cenário eleitoral deve continuar indefinido nos próximos meses”, disse o analista-chefe da corretora Rico Investimentos, Roberto Indech.
O julgamento do recurso do ex-presidente contra a condenação a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso envolvendo um apartamento tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo, teve início nesta manhã.
Lula, que já anunciou a intenção de ser novamente candidato à Presidência da República em outubro e lidera as pesquisas de intenção de voto, pode ficar inelegível se tiver a condenação confirmada.
Há diversos recursos jurídicos que o petista, visto pelos mercados financeiros como menos comprometido com ajustes fiscais, pode adotar se o seu recurso foi rejeitado agora.
Especialistas ouvidos pela Reuters entendem que os mercados financeiros já precificaram uma derrota de Lula agora, e o suficiente para o tornar inelegível.
Haverá ajustes nos preços dos ativos caso a decisão da segunda instância defina algo que permita ao ex-presidente leque maior de recursos jurídicos ou mesmo o absolva, mas o cenário externo mais benigno ajudaria a absorver eventuais solavancos.
Nesta sessão, o comportamento do dólar no exterior também ajudava na queda no mercado local. A moeda norte-americana recuava ante uma cesta de moedas, para as mínimas de três anos, devido a preocupações sobre a agenda protecionista norte-americana.
A moeda norte-americana já estava sob pressão de venda nas últimas semanas diante da visão de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, não é mais o único quando se trata de política monetária mais apertada, uma vez que o crescimento em outras regiões, na Europa em particular, acelera.
A moeda norte-americana também exibia queda ante divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano.