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Lula é o maior responsável por sua desaprovação

Pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Quaest mostra que, pele primeira vez desde 2023, a desaprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva supera o seu índice de aprovação. Para os entrevistados, 49% avaliam negativamente o governo, enquanto 47% o aprovam. Trata-se de uma queda e tanto, quando comparamos esses resultados com os de agosto de 2023, quando a aprovação do presidente chegou a 60% (reprovação de 35%).

Pode-se dizer que os números revelados pela pesquisa refletem a chamada polarização política que reina no país – e talvez isso seja verdade. Mas a corrosão da popularidade de Lula em um ano e meio mostra que existe algo de errado nesta administração. O próprio presidente já havia percebido isso desde 2024, quando passou a reclamar da estratégia de comunicação do governo. Foi até por isso que ele trocou o titular da Secom, o deputado Paulo Pimenta, pelo marqueteiro Sidônio Palmeira.

Ocorre que existe aqui um pecado original. Lula acredita que tem nas mãos um bom produto que, até recentemente, foi mal trabalhado por seus comunicólogos. Na verdade, o que existe é o contrário: trata-se de uma mercadoria medíocre, que precisaria de insights brilhantes ou de verdadeira mágica para crescer em termos de aprovação.

Mas, antes de mais nada, por que o governo atual é medíocre, se a economia parece andar bem?

Em primeiro lugar, trata-se de uma administração sem identidade. Os primeiros mandatos de Lula foram marcados pelo crescimento econômico, associado a projetos assistencialistas como o Bolsa Família. Neste governo, no entanto, o assistencialismo não é mais visto como algo criado pelo presidente, mas sim como uma política de governo, que sobreviveu à gestão de Jair Bolsonaro, que em 2015 disse o seguinte: “O cara tem três, quatro, cinco, dez filhos e é problema do Estado. Ele já vai viver de Bolsa Família, não vai fazer nada. Não produz bens nem serviços, não colabora com o PIB, não produz nada”.

Além disso, houve na última década uma mudança significativa no perfil dos brasileiros, que se transformaram em uma nação pragmática e empreendedora. Hoje, o canto da sereia de um Estado forte e assistencialista já não seduz as novas gerações, que não buscam apenas a própria subsistência, mas procuram a prosperidade.

São os mesmos brasileiros que perceberam a sanha arrecadatória o governo e passaram a desaprovar Lula. É por isso, inclusive, que o vídeo do deputado Nikolas Ferreira, sobre o Pix, teve tanta repercussão – embora seja taxado pelos petistas de “fake news”.

O parlamentar nunca disse explicitamente que o governo iria taxar o Pix, embora tenha insinuado isso. Só que a postagem nas redes sociais escancarou a intenção da Receita Federal de fiscalizar de perto as movimentações bancárias, criando uma espécie de Malha Fina informal. Esse episódio, inclusive, é apontado pelos analistas como um dos principais pontos para reduzir a popularidade do governo.

Imagine, por exemplo, um microempreendedor que ganha a vida vendendo bolos e cafés em uma banquinha montada em ponto com grande movimento. Ele trabalha de sol a sol, mas não emite nota fiscal – mas tem um movimento bancário que poderia ser monitorado pela Receita. Esse indivíduo ficou feliz com a intenção do governo? Claro que não.

Cada vez que Lula faz um discurso com a intenção de jogar os pobres contra os ricos está dando um tiro no próprio pé. Insistir na cartilha antiquada da esquerda está provocando a perda paulatina de popularidade do governo – não necessariamente a adoção de uma estratégia equivocada de comunicação (o que também ocorreu de 2023 para cá, diga-se de passagem).

Os petistas partem do princípio de que os pobres estão conformados com a própria situação e que dependem do governo para defendê-los dos riscos. Muitos trabalhadores, é verdade, ainda têm essa visão. Mas boa parte deste contingente, no entanto, não se conforma com a pobreza e quer melhorar de vida. E não se seduzem por um discurso esquerdista. O que eles querem? Oportunidades para prosperar.

Por enquanto, somente os políticos de direita é que falam disso. E não há condições ideológicas para que o PT ou o PSOL abracem essa causa. Partidos que pregam o socialismo poderiam investir em ações que beneficiam o empreendedorismo? Difícil, muito difícil.

Por fim, uma questão de simbologia: o chapéu que Lula adotou recentemente não ajuda em nada o trabalho de Sidônio. Pode se transformar em uma marca registrada, sem dúvida. Mas é um ícone identificado com os velhos políticos latino-americanos de esquerda, alguns deles ditadores.

Está na hora de modernizar o Brasil em suas entranhas, sem maquiagens ou truques de comunicação. Chega de visões ultrapassadas e sem apelo para os mais jovens. Vamos investir nos novos empreendedores. Criar uma geração de líderes. E nos livrar de quem está ligado ao passado.

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