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China faz tudo mais barato, incluindo ferramentas de IA?

Nesta semana, o lançamento da DeepSeek – uma ferramenta de inteligência artificial melhor que o ChatGPT e desenvolvido com uma verba infinitamente menor – mexeu profundamente com o mercado acionário. As ações da principal empresa americana de IA, a Nvidia, desabaram, levando outras empresas de tecnologia também para o fundo do poço.

Os investidores foram impactados pelos números. A DeepSeek parece ser superior ao ChatGPT, mas custou apenas US$ 6 milhões de desenvolvimento, contra US$ 100 milhões despendidos pelo concorrente. É bem verdade que os pioneiros gastam mais e pavimentam o caminho para os concorrentes tardios. Pode ser isso que aconteceu com a nova ferramenta de IA.

De qualquer forma, os primeiros da fila não necessariamente se mantêm no topo. Décadas atrás, os principais mecanismos de busca na internet eram o Yahoo! e o AltaVista, mas foram completamente engolidos pelo Google, cujo sucesso financiou a Alphabet, um dos maiores conglomerados de tecnologia do mundo. Este mesmo fenômeno pode estar ocorrendo na redoma da inteligência artificial.

Além de melhor e mais barato, o DeepSeek também conta com tecnologia aberta e pode ganhar upgrades diários, além de ser facilmente absorvido por empresas que precisam de soluções de IA e não poderiam bancar soluções proprietárias de custo alto. O resultado disso? Pode virar rapidamente um padrão do mercado.

O surgimento da DeepSeek consolida um fenômeno interessante. A China até recentemente era vista como um país que conseguia produzir bens industriais a custos menores que os praticados nas fábricas do Ocidente. Isso ainda acontece em vários segmentos de manufatura. Mas o grande sucesso na seara de IA mostra que essa vantagem competitiva também existe no mundo da tecnologia – mais especificamente, na criação de softwares.

O modelo de negócios da empresa que criou a DeepSeek, a High Flyer, pode ser a explicação para o sucesso da nova plataforma. A High Flyer é uma companhia cuja filosofia é atrair jovens estudantes chineses com altos salários e flexibilidade na hora de decidir os caminhos da pesquisa científica. A equipe de desenvolvimento do novo produto, assim, deve ter sido de altíssimo nível e muito motivada, chegando a resultados melhores e mais rápidos que os criados até agora por cientistas americanos.

O Vale do Silício, agora, está na berlinda. Os chineses mostraram que os americanos ainda têm o que aprender em termos de velocidade de desenvolvimento de projetos, contenção de custos e design de produtos digitais. E conseguiram constranger os Estados Unidos exatamente no nicho onde as grandes fortunas estão concentradas hoje – no mundo da tecnologia.

Uma pista de como a China tinha grande vantagem competitiva neste mercado é a qualidade do algoritmo utilizado pelo TikTok, tido por muitos especialistas como o melhor do mundo. Se o futuro do planeta está atrelado à IA e aos algoritmos, os chineses despontam como grandes candidatos a destronar os EUA de sua liderança econômica.

Isso vai acontecer? Ninguém sabe, até porque os Estados Unidos não devem deixar essa vitória chinesa passar incólume. Uma coisa, porém, é fato: a disputa pela liderança tecnológica deixou de ser apenas uma disputa entre empresas e passou a ser uma corrida entre países. Portanto, preparem-se: tudo será mais divertido e emocionante daqui para frente.

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