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Na primeira superquarta do ano, palavras pesarão mais que números

Reunião do Copom trará novidades que vão além das decisões sobre a taxa de juros. É preciso atenção com o forward guidance

Nesta quarta-feira (29), o mercado financeiro estará atento aos resultados das primeiras reuniões de política monetária de 2025 nos Estados Unidos e no Brasil. Conhecida como superquarta, a data deve trazer novidades que vão além das decisões sobre a taxas de juros. Segundo Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, o destaque estará nos comunicados das autoridades monetárias sobre o porvir. “O que importa não é o número em si, mas o que será sinalizado para o futuro. As palavras terão mais peso do que os números”, afirma.

Nos Estados Unidos, após uma sequência de cortes na taxa de juros desde setembro de 2024, a expectativa é de manutenção do intervalo dos Fed Funds entre 4,25% e 4,5%. “O consenso é que haverá uma pausa técnica”, explica Igliori. Contudo, os analistas devem ficar atentos à postura do Federal Reserve quanto à inflação, que continua resistente em convergir para a meta. Além disso, há interesse em possíveis referências às políticas do novo governo Trump, que assumiu recentemente. “Já em dezembro, Powell [presidente do banco central dos EUA] mencionou estudos preliminares sobre os impactos de políticas comerciais na inflação. Esse tema pode ser aprofundado”, destaca o economista.

No Brasil, o cenário é outro, de aperto monetário. Seguindo o tom anunciado na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), espera-se um aumento de 1 ponto percentual na Selic, levando a taxa básica para 13,25%. Porém, o foco também estará na comunicação do Banco Central (BC), especialmente com a estreia de Gabriel Galípolo na presidência da instituição. “A mediana do Focus aponta a Selic chegando a 15% até o final do ano, mas será crucial entender como o BC planeja conduzir os próximos passos”, avalia Igliori.

Outro ponto de atenção no Brasil é a deterioração das expectativas inflacionárias e a falta de avanços nas discussões sobre o ajuste fiscal – um problema político que afeta a economia. Essas questões podem influenciar a forma como o Copom aborda o forward guidance, ferramenta essencial para indicar o curso futuro da política monetária.

A combinação de uma política monetária mais restritiva no Brasil e sinais de afrouxamento nos EUA reforçariam a divergência de caminhos entre os dois países. “É praticamente certo que aumentaremos o diferencial de juros e seguiremos 2025 com políticas monetárias em direções opostas”, resume Igliori.

Para o mercado, as decisões de hoje podem não surpreender, mas os comunicados serão fundamentais para compreender os rumos das economias brasileira e americana neste ano. “Os detalhes de conteúdo e forma serão decisivos. As palavras terão mais força que os números”, conclui.

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