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Exame: Shoppings ganham espaço em cidades do interior

Enquanto grandes grupos concentraram-se em expansão, novos empreendimentos surgiram com investidores locais em cidades de até 500 mil habitantes

Desde a pandemia não se inaugurava tantos shopping centers no Brasil. Em 2024, foram nove lançamentos, quatro a mais do que em 2023. Ao fim do ano passado, 648 shoppings estavam em operação e esse volume deve crescer ainda mais neste ano.

O pipeline de inaugurações de 2025 é de 17 novos empreendimentos, mas a perspectiva da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) é de que algo em torno de 10 a 12 lançamentos de fato aconteçam até o fim de dezembro.

O ritmo de lançamentos, porém, não significa que o setor cresce em vendas na mesma toada. O avanço das vendas foi de 1,9%, para R$ 198,4 bilhões, pouco acima do patamar de 1,5% de crescimento de 2023.

Por isso, embora ainda veja os indicadores de emprego e renda positivos, o presidente da Abrasce, Glauco Humai, prefere manter uma projeção mais conservadora para 2025.

O crescimento projetado é de 1,6%, totalizando receita bruta de R$ 201,6 bilhões. “O primeiro semestre deve ser mais forte do que o segundo, mas ainda esperamos um crescimento de vendas. O cenário é positivo e esperamos a manutenção de taxa de vacância”, afirma.

A taxa de ocupação dos shoppings se manteve estável em 95,3%, e a inadimplência caiu para 3,8%, reforçando os números positivos que as maiores companhias, como Multiplan, Allos e Iguatemi, têm apresentado.

Para além dos fatores macroeconômicos, há mudanças no negócio de shopping center e nos hábitos de consumo.

A primeira tem a ver com o perfil do setor. Nos últimos 10 anos, 120 shoppings foram lançados, o que aumenta a participação de empreendimentos ainda em maturação no universo total de lojas.

Desses lançamentos, a maior parte foi por meio de investidores locais em cidades menores do que as grandes capitais – contrapondo ao movimento de M&As, expansões e revitalizações mais observado entre os grandes players.

Hoje, dos quase 650 shopping centers, 46% estão em cidades com até 500 mil habitantes. O primeiro lançamento de 2025 também foi numa cidade do interior, o Singapura Shopping, em Caldas Novas (GO), inaugurado em janeiro.

Menores, esses empreendimentos acabam sendo mais suscetíveis às oscilações econômicas, por estarem mais expostos à população de renda mais baixa, observa Humai.

Mas o perfil do consumidor também mudou. As visitas aos shoppings cresceram apenas 2,9% em 2024, para 476 milhões ainda abaixo dos 500 milhões de visitas do pré-pandemia.

O tempo médio de permanência, porém, subiu para 80 minutos em 2023, ante 72 minutos em 2018 – esse indicador não é atualizado anualmente.

Com o home office e um público jovem mais digitalizado, as idas aos shoppings se tornaram menos frequentes, mas mais objetivas. O tíquete médio subiu, e os consumidores visitam menos lojas antes de fechar uma compra. “Também estamos tentando entender o comportamento da geração Z, se será mais digital ou físico”, acrescenta Humai.

Esse tempo maior gasto nos shoppings também tem a ver com a transformação do mix de lojas. O setor registra um crescimento maior em gastronomia, serviços e entretenimento, enquanto as tradicionais lojas satélites (comerciantes menores) perderam espaço.

Atualmente, 56,7% das lojas em shoppings brasileiros são satélites, uma queda de três pontos percentuais. O varejo de moda segue como protagonista, mas a alimentação lidera a abertura de novas unidades. “Esforços para trazer lojistas locais são grandes, e alimentação tem sido o segmento mais fácil de atrair”, explica Humai.

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Por Raquel Brandão

Publicado originalmente em: bit.ly/4hVJQmA

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