Um vídeo curto que mostra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ajoelhado beijando o dedão do pé do bilionário Elon Musk, viralizou nas redes sociais nos últimos dias. A imagem é chocante só aos desatentos, já que se trata de uma manipulação digital com o uso de (não muita) inteligência artificial. Por isso foi escolhido a Fake News da Semana de MR.
A cena foi exibida em telas do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano (HUD) dos EUA, acompanhada da legenda “Vida longa ao verdadeiro rei”. A referência faz alusão a uma postagem recente de Trump em sua rede Truth Social (Rede da Verdade). O episódio levou autoridades americanas a abrirem uma investigação para identificar os responsáveis pela distribuição da peça.
Ah, não acredito que era deepfake. Parecia tão real 🤡. Vídeo de Trump beijando os pés do Musk sob a legenda "Vida longa ao verdadeiro rei" é exibido em todos os televisores do departamento de habitação e desenvolvimento urbano dos EUA. O governo americano pediu uma investigação… pic.twitter.com/D6sQyGncpc
— GugaNoblat (@GugaNoblat) February 25, 2025
Os indícios de artificialismo digital são escancarados. Um dos principais elementos que denunciou a farsa foi a presença de dois pés esquerdos em Musk, um erro comum em deepfakes amadoras. A plataforma Sensity, especializada nesse tipo de manipulação, concluiu com 99% de certeza que o material é falso – como se precisasse.
Para chegar a esse resultado, a ferramenta analisou pixels e segmentações da imagem, identificando três áreas com forte indicação de manipulação por inteligência artificial. O uso de IA permitiu a criação de uma cena inexistente, mas detalhes anormais tornaram tudo mais tosco.
Contexto
O vídeo falso surgiu em um momento de tensão entre o funcionalismo federal dos EUA e Elon Musk, que foi nomeado chefe do Departamento de Eficiência Governamental (Doge). Na nova gestão Trump, ele deve conduzir cortes de pessoal e de gastos. A crítica fraudulenta chegou às caixas de mensagens eletrônicas dos servidores do HUD no dia em que encerraria o prazo imposto para que eles justificassem suas atividades cotidianas. Quem não respondesse poderia ser demitido – o que se configura ilegal.
Diante da repercussão do caso, um porta-voz do Departamento de Habitação declarou que o episódio “abusou dos recursos do contribuinte” e que os responsáveis serão investigados e, possivelmente, demitidos. O Comitê Democrata de Serviços Financeiros da Câmara ironizou a situação nas redes sociais, comentando: “Nem todos os heróis usam capas”.
