Um vídeo que viralizou nas redes sociais nesta semana mostra funcionários de uma lojas de bebidas alcoólicas no Canadá retirando das prateleiras todos os produtos americanos – no caso, principalmente uísques. A cena reflete a escalada na disputa comercial entre Canadá e Estados Unidos, impulsionada pela decisão do presidente Donald Trump de impor uma tarifa de 25% sobre produtos canadenses. Como resposta, o governo canadense adotou medidas semelhantes contra importações dos EUA, incluindo bebidas alcoólicas.
O impacto foi imediato. Lawson Whiting, CEO da Brown-Forman, fabricante do Jack Daniel’s, classificou a decisão canadense como “pior do que uma tarifa”. Em uma conferência com investidores, nesta quinta-feira (6), afirmou: “Isso literalmente elimina as nossas vendas”. Ele destacou que a retirada dos produtos americanos das prateleiras representa uma retaliação desproporcional à taxação imposta por Trump.
Diante da resistência, nesta quinta-feira (6) Trump anunciou um adiamento para 2 de abril das medidas tarifárias contra certos produtos do Canadá e México. Segundo o presidente dos EUA, os países não precisarão pagar tarifas sobre nenhum produto que se enquadre no Acordo USMCA (acordo comercial entre EUA, México e Canadá).
Foi um pedido de trégua depois que o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, anunciou as medidas de represália na segunda-feira (4), que atingiriam cerca de US$ 107 bilhões em produtos americanos, incluindo cerveja, vinho e destilados. Algumas províncias, como Ontário e Manitoba, tomaram medidas próprias para reforçar o boicote. O premiê de Manitoba, Wab Kinew, publicou um vídeo assinando a ordem de remoção de bebidas dos EUA das lojas do governo, ironizando a retórica de Trump. A postagem rapidamente acumulou mais de 6 milhões de visualizações e gerou intensa repercussão nas redes sociais.
A medida também ganhou apoio popular no Canadá, onde consumidores passaram a priorizar produtos nacionais em meio às tensões diplomáticas. No entanto, nem todos concordam com a ação. Alguns críticos classificam a remoção como meramente simbólica e questionam sua efetividade em pressionar o governo americano.
A disputa comercial adiada se soma a uma série de tensões entre os dois países. Trump chegou a sugerir que o Canadá deveria se tornar o 51º estado americano, declaração que gerou forte reação do governo canadense. A ministra das Relações Exteriores do Canadá, Mélanie Joly, afirmou que leva as declarações do presidente dos EUA “muito a sério”. Enquanto isso, Washington também impôs tarifas de 25% sobre produtos mexicanos, mas concedeu uma pausa temporária para o setor automotivo após pressão de executivos da General Motors, Ford e Stellantis.
Diante do impasse, o setor de bebidas alcoólicas agora aguarda os próximos desdobramentos. “Por décadas, não havia tarifas no comércio de destilados entre os EUA e o Canadá”, lembrou Chris Swonger, presidente do Distilled Spirits Council of the United States. “É crucial que os dois países encontrem uma solução para manter esse mercado próspero.”