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Os sinais contraditórios do governo em relação à inflação

O governo acaba de anunciar uma iniciativa que vai facilitar a concessão de empréstimos consignados nas empresas privadas e deve movimentar cerca de R$ 120 bilhões ao ano. Muitos economistas acreditam que uma parcela significativa desta bolada irá para o consumo, que dá mostras de cansaço neste primeiro semestre. Até aí, estamos dentro do que é esperado de um governo do PT: manter o consumo em alta, turbinando a atividade econômica.

Mas há um problema que precisa ser discutido neste contexto: a inflação. E, neste panorama, o governo está mandando sinais contraditórios para quem observa a economia brasileira de perto. Especialmente agora, que foi divulgado o índice inflacionário de fevereiro: 1,31% (5,06% acumulados em doze meses).

Há, evidentemente, uma questão sazonal neste índice mensal, o mais alto desde 2003. Alimentos, energia e educação tiveram reajustes fora do comum e acabaram puxando a inflação para o alto. Diante disso, é de se esperar que o Banco Central, na próxima reunião do Copom, vá aumentar mais uma vez os juros da Selic.

Ocorre que parte da alta de preços se deve também a uma economia aquecida, com massa salarial em crescimento em contraposição a uma oferta de produtos que ainda não cresceu. Como os empresários estão prevenidos depois de uma sucessão de “voos de galinha”, não há investimentos produtivos no volume que a atual demanda necessita. O resultado é que o consumo acaba pressionando os preços para cima.

E a recente medida em relação ao consignado vai pelo mesmo caminho: deve elevar o consumo. Isso pode provocar novas ondas de remarcações de etiquetas, tornando inócua a alta seguida de juros.

Este cenário fica ainda mais complicado quando lembramos que o governo pouco ou nada faz para reduzir efetivamente suas despesas, contribuindo para um crescimento geométrico da dívida pública, que pressiona os juros. O déficit público, ainda por cima, tem interferência na composição dos índices inflacionários.

Para apimentar esta tempestade, há ainda fatores externos que nada têm a ver com as ações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou do ministro Fernando Haddad. A guerra comercial empreendida pelo presidente americano Donald Trump pode elevar mundialmente os preços e criar mais dificuldades para Lula, que está com um olho no peixe (o consumo) e outro no gato (a inflação).

“Quando se fala do terceiro governo do presidente Lula, estamos falando de um governo sitiado pela conjuntura internacional”, disse o ex-ministro José Dirceu em festa de aniversário (completou 79 anos) realizada em Brasília, com a presença de 11 ministros. A situação descrita por Dirceu, diga-se, não é muito diferente da enfrentada por Fernando Henrique Cardoso em seu segundo mandato, quando sofreu os efeitos de uma crise internacional atrás da outra.

A preocupação de Dirceu é a mesma de todos os que cercam o presidente. Mas a impressão que se tem é a de que se o governo tiver de escolher entre controlar a inflação ou bombar o consumo, vai optar pela segunda alternativa.

Nesta situação, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, pode se tornar a única autoridade preocupada de fato com o combate à alta de preços. E, por esta razão, pode entrar na alça de mira dos petistas mais aguerridos – o que contribuiria ainda mais para a instabilidade do cenário político-econômico.

Haja Lexotan.

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