Índice da CNI indica pessimismo entre empresários, apesar de leve alta em março

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) registrou uma leve alta de 49,1 pontos em fevereiro para 49,2 pontos em março, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Apesar do avanço de 0,1 ponto percentual, o indicador segue abaixo da linha divisória de 50 pontos, que separa confiança de falta de confiança, marcando o terceiro mês consecutivo de pessimismo no setor.

De acordo com Claudia Perdigão, especialista em Políticas e Indústria da CNI, o sentimento negativo dos empresários tem sido reforçado desde os primeiros sinais de desaceleração econômica no final de 2024. “O resultado do PIB do quarto trimestre indicou perda de ritmo da atividade econômica, mais intensa do que o esperado. Esse cenário gera desconfiança entre os empresários, especialmente com a queda do consumo das famílias, algo que não ocorria há algum tempo”, explica Perdigão.

O Produto Interno Bruto (PIB) do último trimestre de 2024 avançou 0,2% em relação aos três meses anteriores, mas ficou abaixo do crescimento de 0,7% registrado no trimestre anterior, reforçando a percepção de desaceleração da economia.

Avaliação do presente e expectativas futuras

O pessimismo atual foi refletido no Índice de Condições Atuais do Icei, que caiu 0,4 ponto percentual, chegando a 44 pontos em março. Isso indica que os empresários avaliam a situação atual das empresas e da economia brasileira como pior do que há seis meses.

Já o Índice de Expectativas apresentou leve alta de 0,3 ponto percentual, atingindo 51,8 pontos. A CNI aponta que essa melhora se deve exclusivamente à visão mais otimista dos industriais sobre suas próprias empresas, já que a percepção sobre a economia como um todo segue negativa.

Perspectivas para os próximos meses

Para Perdigão, o Icei deve continuar abaixo da linha de 50 pontos nos próximos meses. “Espera-se que 2025 seja um ano de atividade econômica mais fraca em comparação a 2024. Ainda sentimos os efeitos de uma política monetária restritiva, o que deve continuar pressionando a confiança do setor industrial”, afirma.

A especialista pondera que, caso as pressões sobre a atividade econômica diminuam, o Icei pode voltar à zona de confiança, mas, no momento, as projeções seguem moderadas, especialmente em relação às perspectivas para a economia brasileira.

A pesquisa do Icei foi realizada entre os dias 6 e 12 de março de 2025, consultando 1.189 empresas, sendo 455 de pequeno porte, 450 de médio porte e 284 de grande porte.