Por Scott Squires
BUENOS AIRES (Reuters) – A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner foi indiciada nesta segunda-feira por acusações de que seu governo aceitou propinas de construtoras em troca de contratos para obras públicas, de acordo com um documento divulgado por um juiz federal.
O Departamento de Justiça da Argentina busca determinar se Cristina Kirchner comandou uma ampla rede de corrupção que envolvia políticos e empresários durante seus dois mandatos como presidente, de 2007 a 2015.
O escândalo de corrupção irrompeu em agosto quando um jornal local publicou cadernos mantidos por um motorista do ex-ministro do Planejamento de Cristina. Os cadernos catalogavam bolsas de dinheiro suspostamente entregues a escritórios do governo e à casa da ex-presidente e de seu falecido marido, o ex-presidente Néstor Kirchner.
Um porta-voz de Cristina Kirchner não respondeu imediatamente um pedido de comentário.
Como senadora, Cristina possui imunidade de prisão, embora não tenha imunidade para julgamento.
O juiz federal Claudio Bonadio, que comanda a investigação, pediu para que ela sofra impeachment, uma ação que é pouco provável de receber o apoio necessário para passar numa votação no Senado.
“É necessário continuar esta investigação até que tenhamos esclarecido completamente como estes pagamentos ilegais eram estruturados, ao menos no que diz respeito às autoridades que eram parte do antigo Ministério do Planejamento e aos empresários associados a elas”, diz o documento de acusação.
O escândalo envolveu dezenas de ex-autoridades e empresários do setor de construção, abalando confiança em uma indústria já enfraquecida por uma economia em crise, cortes do governo em obras públicas e taxas de juros de 60 por cento.
Embora Cristina Kirchner já tenha sido indiciada por outras acusações, ela ainda possui amplo apoio popular e deve concorrer à Presidência novamente no ano que vem.
(Reportagem de Eliana Raszewski, Nicolas Misculin e Scott Squires)