Acusação foi apresentada ao STF e envolve repasses para obras no Maranhão; ministro da Comunicações nega irregularidades
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União-MA), por suspeita de envolvimento em um esquema de desvio de emendas parlamentares quando ainda exercia mandato como deputado federal. A denúncia foi protocolada fisicamente no Supremo Tribunal Federal (STF) na última sexta-feira (4) e está sob sigilo. Ainda não há data definida para análise do caso, que será relatado pelo ministro Flávio Dino.
Segundo a investigação conduzida pela Polícia Federal, Juscelino foi indiciado em junho de 2024 pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A suspeita é de que ele tenha direcionado emendas parlamentares para obras de pavimentação em Vitorino Freire (MA), cidade então administrada por sua irmã, Luanna Rezende (União). Ela chegou a ser afastada do cargo durante as investigações, mas retornou após decisão do STF.
As apurações começaram antes de Juscelino ser nomeado ministro do governo Lula. A denúncia da PGR é a primeira contra um integrante do primeiro escalão da atual gestão.
O caso gera expectativa no meio político, especialmente após declarações anteriores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que condicionou a permanência de Juscelino no cargo à ausência de uma denúncia formal. “O que eu disse para ele: só você sabe a verdade. Se o procurador denunciar, você sabe que tem que mudar de posição”, afirmou Lula em 2024, após a conclusão do inquérito da PF.
Em nota enviada após a divulgação da denúncia, a defesa de Juscelino afirmou que ainda não foi notificada oficialmente pelo Ministério Público Federal (MPF). O ministro reafirmou sua inocência, rejeitou a peça acusatória e alegou ser vítima de uma “maratona de factóides nos últimos três anos”.
Anteriormente, ele já havia criticado a condução das investigações e disse que apenas indicou emendas parlamentares, cabendo a órgãos do Executivo a responsabilidade por licitação, execução e fiscalização das obras. Para Juscelino, o indiciamento é fruto de uma investigação com viés político, que teria ignorado fatos e não teria ouvido a defesa.
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