Levantamento aponta recorde de gestores querendo reduzir exposição às ações dos EUA
O pessimismo dos investidores em relação à economia global atingiu o nível mais alto em três décadas, segundo a mais recente pesquisa do Bank of America (BofA). Realizado entre os dias 4 e 10 de abril com 164 gestores que juntos administram US$ 386 bilhões em ativos, o levantamento mostra que 82% dos entrevistados esperam uma desaceleração da economia mundial — o maior número desde o início da série histórica.
Essa visão negativa já começa a impactar as decisões de alocação. Um número recorde de gestores planeja reduzir a exposição a ações americanas, refletindo um salto no sentimento “underweight” (abaixo da média de mercado) para 36% em abril. Em fevereiro, esse número era de 17% “overweight” (acima da média), o que marca a maior virada em dois meses já registrada pelo BofA.
Apesar do pessimismo, os estrategistas do banco observam que ele ainda não se traduz plenamente em ações práticas. A alocação em caixa, por exemplo, está em 4,8% — abaixo do patamar de 6% que historicamente sinalizaria uma postura mais defensiva. “Os gestores estão extremamente pessimistas em relação ao cenário macro, mas não totalmente pessimistas em relação ao mercado”, escreveram os analistas liderados por Michael Hartnett.
A crescente incerteza sobre a política comercial dos Estados Unidos e a elevação da volatilidade dos mercados têm aumentado a cautela dos investidores. Para 42% dos entrevistados, uma recessão nos EUA é provável. O desempenho do mercado acionário americano também reflete esse clima: o índice S&P 500 acumula queda de 8,1% no ano, atrás dos principais índices da Europa e da China.
Os estrategistas do BofA acreditam que os níveis mais baixos de abril devem se sustentar no curto prazo, mas alertam que uma recuperação consistente dependeria de medidas fortes, como cortes significativos nos juros pelo Federal Reserve, avanços nos dados econômicos ou uma flexibilização nas políticas tarifárias.