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O Conclave de 2025 será marcado pela disputa política (de novo)

Em uma coincidência histórica impressionante, o filme “Conclave” chegou ao streaming alguns dias antes da morte do Papa Francisco – um triste evento que provocará a eleição de um novo pontífice nos próximos dias. No filme estrelado por Ralph Fiennes, Stanley Tucci e Isabella Rosselini, o processo de escolha do novo Papa é conduzido por um cardeal que está em conflito com a própria fé e mostra a guerra de vaidades entre os candidatos ao cargo. Mas o enredo mostra o que de fato move a batalha silenciosa que se trava nos bastidores do Vaticano: a luta entre o conservadorismo e o progressismo.

Sim, a polarização está também incrustrada nos pilares da Igreja Católica, com grupos extremistas que trocam farpas e insinuações. Como na vida real, são os moderados que decidem o destino das eleições – mas, neste caso, há uma diferença crucial. O vencedor precisa ter no mínimo dois terços do colegiado, composto por 120 cardeais com menos de 80 anos de idade. Ou seja, os líderes religiosos são forçados a criar um consenso em torno de um nome.

Trata-se de um processo desgastante, como se pode observar no filme, e gera algumas reviravoltas durante a eleição. Mas proporciona debates ferozes e reveladores. Sem isso, não se chega à maioria de dois terços.

Há uma lista enorme de sucessores. Entre os candidatos naturais, estão os progressistas Fábio Baggio (italiano) e Jean-Claude Hollerich (luxemburguês); os moderados italianos Matteo Maria Zuppi e Pietro Parolin; por fim, temos os conservadores Peter Erdo (húngaro) e Robert Sarah (guineense). Eram próximos de Sumo Pontífice Baggio e Zuppi (este último completará 70 anos em setembro e está naquela faixa etária considerada ideal para o papado). Hollerich é o mais novo dessa lista (67 anos) e Sarah é o único negro. Obviamente, outros nomes vão surgir durante as reuniões. Mas, nos corredores do Vaticano, durante a doença de Francisco, esses nomes foram cogitados pelos cardeais que discutiam a saúde do Papa internado.

O fato de Francisco ter falecido algumas horas depois do domingo de Páscoa tem um significado especial. E serve para elevar a mística deste religioso simples, que trouxe grande polêmica ao defender teses que desagradaram os fiéis mais conservadores.

Com a ida de Francisco, o carmelengo Kevin Farrell assume a liderança provisória da igreja e organizará o Conclave, que começará daqui a vinte dias. Até lá, os fiéis ficarão em vigília, para saber quem será o novo Papa. Após o início das reuniões, uma multidão se agolmerará na Praça de São Pedro, à espera da fumaça que será mostrada ao término das votações. Todos os presentes vão torcer para que a fumaça branca apareça – sinal de que o colegiado chegou a um vencedor.

Desta vez, como na votação anterior, a polarização vai proporcionar movimentações silenciosas e provocações explícitas. Quem vai vencer? Trata-se de uma enorme incógnita. Uma coisa, porém, é certa. O final deste enredo não será tão surpreendente como foi o desenlace criado por Robert Harris, o autor do livro no qual foi baseado o filme “Conclave”.

Ainda não viu a película? Veja. É uma aula de cinema, que mostra os bastidores do Vaticano com precisão e sensibilidade, ressaltando o aspecto humano dos religiosos que escolhem não apenas um homem – mas um símbolo para representar a fé católica em todo o planeta.

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