Por Iuri Dantas e Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) – O Palácio do Planalto repassou uma lista com nomes de deputados indecisos para que agentes do mercado e empresários auxiliem no convencimento a favor da reforma da Previdência, que tem votação prevista para 20 de fevereiro na Câmara.
Documento obtido pela Reuters com uma fonte do setor privado mostra uma lista de quase 90 parlamentares que o governo vê como indecisos sobre a reforma. Fonte palaciana confirmou a existência da lista e a estratégia de ter a ajuda dos agentes de mercado e empresários no esforço pela aprovação da proposta. As duas fontes pediram para não serem indentificadas.
Na véspera, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, reuniu-se com confederações de empresários. Na noite desta terça-feira, deve comparecer a conversa com líderes da base patrocinada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O governo batalha para obter os votos necessários para aprovar a reforma da Previdência na Câmara em fevereiro. Por se tratar de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), precisa de ao menos 308 votos favoráveis dentre os 513 deputados em dois turnos de votação. Depois, ainda precisa passar pelo Senado.
O cálculo no Planalto hoje é de que 270 deputados estariam dispostos a votar pela reforma, faltando 38 votos para se alcançar o mínimo necessário. Considerando a margem de segurança para a votação, que o governo vê entre 320 e 330 deputados a favor da reforma, a distância é ainda maior.
Por isso mesmo o Planalto, intensificou seus esforços midiáticos pela aprovação da reforma da Previdência. Desde seu retorno de Davos, na Suíça, na semana passada, o presidente Michel Temer entrou em uma maratona de entrevistas e martelou sobre a importância da readequação das regras previdenciárias.
COLOCAR PARA VOTAR
Um dos principais responsáveis pelo levantamento de números do governo na Câmara, o vice-líder do governo na Câmara Beto Mansur (PRB-SP) afirmou nesta terça que já não há mais espaço para indecisões na Casa.
“O parlamentar tem que fazer a sua opção”, disse o deputado a jornalistas.
“Eu acho que a gente tem que ter opinião a favor ou contra. Agora, ficar indeciso em um momento como este não dá.”
O vice-líder defende que a proposta seja colocada em votação em fevereiro, mesmo que o governo não conte com votos suficientes.
“Não precisamos ficar cozinhando essa questão da reforma da Previdência durante todo esse tempo.”
(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello)