SÃO PAULO (Reuters) – O Brasil teve 213 casos e 81 mortes por febre amarela de julho do ano passado até esta terça-feira, um aumento em relação ao balanço divulgado pelo Ministério da Saúde na semana passada, quando tinham sido registrados 130 casos da doença no país e 53 mortes.
Como medida preventiva e recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) quando há aumento de casos de febre amarela silvestre de forma intensa, o ministério adotou campanha de fracionamento da vacina contra a febre amarela nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro na última quinta-feira. A campanha de vacinação na Bahia começa no dia 19 de fevereiro.Todos os casos confirmados da doença até agora decorrem do ciclo silvestre de transmissão, mas a médica e fundadora da ONG “Um Sonho de Bugio”, Adriana Homem, não descarta o surgimento de casos de febre amarela urbana.
“O descaso governamental é tão grande que eu não duvido que em algum momento isso se transforme em uma doença urbana. Estamos na época de verão e grandes chuvas, a chance disso acontecer é muito grande”, afirmou ela, cuja ONG atende a região de Mairiporã, Serra da Cantareira e zona norte de São Paulo.
O último caso de febre amarela urbana foi registrado no Brasil em 1942.
Para a médica, a infecção atual de febre amarela foi agravada pelo desastre de Mariana (MG), onde uma barragem de rejeitos da Samarco, uma joint venture da Vale com a anglo-australiana BHP Billiton, se rompeu em novembro de 2015, e o material tóxico pode ter causado uma mutação no vírus.
“Nesses dois anos poderíamos ter tomado medidas como ter mosquitos transgênicos, poderíamos ter recolhido os bandos da mata até passar a epidemia, poderíamos ter investido em vacina para primatas”, afirmou ela.
Na semana passada, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, garantiu que não há risco de contaminação urbana da febre amarela –o recente aumento de casos refere-se à versão silvestre da doença, transmitida pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes. A urbana é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Neste momento, não existem registros no país da versão urbana da doença.
“Não há risco nenhum apontado pela área técnica de transmissão urbana”, disse Barros em entrevista coletiva.
Ao todo, informou o ministério, foram notificados 1.080 casos suspeitos desde julho, sendo que 432 foram descartados e 435 permanecem em investigação.
Segundo o ministério, no ano passado, de julho de 2016 até 30 janeiro de 2017, eram 468 casos confirmados e 147 óbitos.
(Reportagem de Taís Haupt e Tatiana Ramil)