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Por que o dólar subiu tanto?

No dia 13 de setembro, o preço do dólar bateu seu recorde nominal (sem considerar a inflação) desde o Plano Real, encerrando o pregão cotado em R$ 4,20, em meio a um cenário eleitoral incerto. A possibilidade concreta do candidato à presidência pelo PT, Fernando Haddad, vencer o pleito preocupava os investidores, desvalorizando a moeda brasileira. Com a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro, favorito do mercado, a expectativa era de valorização dos ativos brasileiros, como o real. Entretanto, o câmbio tem registrado movimento contrário ao esperado: se um dia após as eleições o dólar fechou em R$ 3,71, a moeda americana ronda atualmente a casa dos R$ 3,90. Em entrevista a MONEY REPORT, Bruno Lavieri, economista da 4E Consultoria, explica que o cenário externo conturbado, com o aumento das tensões entre Estados Unidos e China, e o fim da euforia local com a eleição de Bolsonaro são os principais fatores que motivam a subida.

Por que o dólar subiu nas últimas semanas?

O dólar está avançando em virtude de dois fatores. Em primeiro lugar, temos o cenário externo, com aumento da tensão global em meio à disputa entre China e Estados Unidos. Isso valorizou a moeda americana, pois os investidores recorrem a ela em um momento de maior aversão ao risco no mundo. O segundo fator é doméstico, e tem a ver com o resultado das eleições. Houve uma certa euforia com a vitória de Bolsonaro, que apoiou uma agenda econômica positiva, mas as dificuldades políticas que já se apresentam freiam um pouco esse entusiasmo. Tendo tudo isso em vista, o real acaba ficando um pouco mais fraco.

O mercado já vê o futuro governo com mais desconfiança?

Eu acho que sim. Talvez até exista um pouco mais de espaço para decepção, na medida em que a gente ainda vê muitos desencontros da equipe econômica a respeito da Reforma da Previdência, fundamental para o sucesso do próximo governo. Só com o início da administração é que vamos conseguir ter uma ideia melhor sobre o desempenho da economia e, consequentemente, do próprio câmbio.

O Brasil tem mais de R$ 380 bilhões em reservas cambiais. Isso não ajuda a aliviar a alta do dólar?

A flutuação do dólar acontece independentemente das reservas do Brasil. As reservas ajudam na questão doméstica. Quando o risco interno aumenta e a aversão ao real cresce, as reservas servem como uma garantia de que todo mundo vai conseguir comprar dólares e de que todos os compromissos em dólar serão honrados. O principal ponto disso é que o Brasil não tem dívida externa em volume superior às reservas. Quer dizer que se o dólar valoriza, a capacidade de pagamento das dívidas em dólar no Brasil não é afetada.

A subida tem fundamentos sólidos? Não é uma histeria do mercado?

Esse movimento faz parte de expectativa. Se o país vai crescer menos, exportar menos, é natural que a sua moeda acabe valendo menos. Como essas expectativas sempre antecipam o movimento em si, isso acaba refletindo na taxa de câmbio atual. O valor da moeda nada mais é do que reflexo da diferença de produtividade entre determinados países no longo prazo.

As reformas econômicas propostas pelo futuro governo e uma possível recessão nos Estados Unidos poderiam mudar esse quadro?

Podemos ter uma baixa, sim, mas não muito significativa. Temos algumas dúvidas sobre a real dimensão desse movimento de desaceleração dos Estados Unidos, porque isso, de alguma forma, já está contemplado na curva de mercado. Uma frustração ainda maior do que está precificado, aliada a um movimento doméstico positivo, com uma Reforma da Previdência profunda, poderia deixar o câmbio entre R$ 3,40 e R$ 3,50, mas não muito abaixo desse patamar.

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