Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) – Os brasileiros estão otimistas em relação ao futuro governo do presidente eleito Jair Bolsonaro e alimentam expectativas positivas sobre a sua gestão, informou pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quinta-feira.
Segundo a sondagem do Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria, 75 por cento dos brasileiros acreditam que o presidente eleito e sua equipe estão “no caminho certo”, enquanto apenas 14 por cento acham que ele e seus indicados estão no “caminho errado”.
A pesquisa também identificou que cerca de dois terços dos brasileiros –64 por cento– têm a expectativa de que o próximo governo será “ótimo” ou “bom”. Outros 18 por cento afirmam que o governo Bolsonaro será regular, 14 por cento acreditam que será “ruim” ou “péssimo”, e 4 por cento não responderam.
Segundo o gerente-executivo de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, é comum que um presidente eleito conte com um “voto de confiança” no início de seu governo, mesmo entre eleitores que votaram em outros candidatos.
“Após a eleição de um novo presidente, você tem uma onda de expectativa maior. Mesmo entre aqueles que não votaram no presidente, mas que também não são totalmente contra”, avaliou Fonseca.
“A gente percebe, até pelos números, que pessoas que não votaram no presidente Bolsonaro estão otimistas ou relativamente otimistas em relação ao futuro”, disse o gerente-executivo, acrescentando que a população dará seu “veredito” ao longo do próximo governo.
A pesquisa divulgada nesta quinta-feira mostrou ainda que dentre os 80 por cento dos entrevistados que se disseram pelo menos um pouco informados sobre as indicações de Bolsonaro para o primeiro escalão, 55 por cento as consideraram adequadas ou muito adequadas.
EXPECTATIVA
Para a maioria dos entrevistados, saúde e desemprego são os principais problemas do país: os temas foram citados por 46 por cento e 45 por cento respectivamente. A corrupção foi mencionada por 40 por cento, enquanto a segurança pública foi lembrada por 38 por cento.
Ao listarem as prioridades, os entrevistados citaram novamente os mesmos assuntos. Para 41 por cento, a prioridade do governo deve ser melhorar os serviços de saúde. A geração de empregos vem em seguida, citada como prioridade por 40 por cento. Logo após vem o combate à corrupção e o combate à violência e à criminalidade, ambos citados por 36 por cento.
Questionados sobre as principais medidas já anunciadas por Bolsonaro e sua equipe de transição, 40 por cento dos entrevistados disseram não lembrar de nenhuma proposta.
A reforma da Previdência, no entanto, foi a medida mais citada espontaneamente, por 12 por cento dos entrevistados. A flexibilização das regras para posse de armas foi lembrada por 9 por cento, assim como o combate à corrupção.
A redução da maioridade penal foi mencionada por 7 por cento, mesma parcela que destacou o combate à violência de forma genérica, à criminalidade, à pedofilia ou à violência contra mulheres.
Questionados sobre as expectativas para 2019, 66 por cento dos entrevistados afirmou que a situação econômica do país irá melhorar ou melhorar muito. Para 19 por cento ela continuará igual, enquanto 8 por cento avaliam que ela irá piorar e 3 por cento acreditam que irá piorar muito. Outros 5 por cento não responderam.
“Você tem um quadro bastante positivo em termos de expectativa da população com o que vai acontecer daqui para frente. Obviamente grande parte dessa expectativa está relacionada ao novo governo, isso é normal”, disse Fonseca.
Realizada entre os dias 29 de novembro e 2 de dezembro, a pesquisa não captou eventuais flutuações nos índices de Bolsonaro relacionadas às informações sobre movimentações atípicas em mais de 1 milhão de reais em conta de ex-assessor de filho Flávio, reveladas depois disso.
O Ibope entrevistou 2 mil pessoas em 127 municípios e a margem de erro da sondagem é de 2 pontos percentuais.
GOVERNO TEMER
A pesquisa também abordou a avaliação do governo de Michel Temer, que apesar de pequena melhora em seus índices, encerra sua gestão com um dos mais baixos índices de popularidade.
Segundo a CNI/Ibope, 74 por cento avaliam o governo como ruim ou péssimo, ante 82 por cento em setembro. A avaliação positiva –ótimo ou bom– do atual governo passou de 4 por cento, em setembro, para 5 por cento em dezembro.
A desaprovação da maneira de governar caiu de 92 por cento, em setembro, para 85 por cento em dezembro, enquanto a aprovação subiu de 6 por cento para 9 por cento.
A confiança em Temer oscilou de 5 por cento para 7 por cento. Os que responderam não confiar no presidente passaram de 92 por cento para 90 por cento.
(Edição de Alexandre Caverni)