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Não culpem os imigrantes por tudo, diz papa a políticos

Por Philip Pullella

CIDADE DO VATICANO (Reuters) – O papa Francisco criticou nesta terça-feira líderes nacionalistas que culpam os imigrantes pelos problemas dos próprios países e fomentam a desconfiança na sociedade buscando ganho desonesto e promovendo políticas xenófobas e racistas.

O pontífice de 82 anos, que fez da defesa dos imigrantes um pilar de seu papado, fez os comentários em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz da Igreja Católica, em 1º de janeiro, que é enviada a chefes de Estado e de governo e a organizações internacionais.

A mensagem chega em um momento no qual a imigração é uma das questões mais polarizadoras em países como Estados Unidos, Itália, Alemanha e Hungria.

Francisco já trocou farpas com o presidente norte-americano, Donald Trump, e o político italiano de direita, Matteo Salvini, por causa dos direitos dos imigrantes.

“Discursos políticos que tendem a atribuir todo o mal aos imigrantes e a privar os pobres de esperança são inaceitáveis”, disse o papa, que não mencionou qualquer país ou líder.

Ele disse que os tempos atuais estão “marcados por um clima de desconfiança enraizado no medo dos outros ou de estrangeiros, ou na angústia a respeito da própria segurança pessoal”.

Francisco disse ser triste que a desconfiança “também seja vista no nível político, em atitudes de rejeição ou formas de nacionalismo que criam dúvidas sobre a fraternidade de que nosso mundo globalizado tem tanta necessidade”.

Na semana passada o papa elogiou o primeiro Pacto Global para a Migração da Organização das Nações Unidas (ONU), que estabelece objetivos para o aprimoramento da administração da migração.

Várias nações, inclusive EUA, Itália, Hungria e Polônia, não foram à reunião no Marrocos, enquanto o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, anunciou que vai retirar o país do pacto.

Francisco denunciou uma lista de “vícios” de políticos que disse terem minado a democracia autêntica e desgraçado a vida pública através de várias formas de corrupção.

Entre eles, incluiu a malversação de recursos públicos, o ganho desonesto, a xenofobia, o racismo, a falta de preocupação com o meio ambiente e a pilhagem de recursos naturais.

Ele propôs oito “Beatitudes do Político” –formuladas primeiramente pelo falecido cardeal vietnamita François-Xavier Nguyen Van Thuan– como um guia para o comportamento daqueles que ocupam cargos públicos.

Estas, afirmou, estabeleceriam metas para políticos que, entre outras qualidades, deveriam ter uma compreensão profunda de seu papel, exemplificar pessoalmente a credibilidade, trabalhar pelo bem comum e realizar mudanças radicais.

((Tradução Redação Rio de Janeiro; 55 21 2223-7128))

REUTERS PF

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