LIMA (Reuters) – O filho do ex-presidente peruano Alberto Fujimori disse na quarta-feira que criará um novo grupo político para apoiar o Executivo do país no momento em que o atual presidente, Pedro Pablo Kuczynski, e seu governo de centro-direita se tornam cada vez mais isolados.
Kenji, filho mais novo de Fujimori cuja popularidade vem aumentando, disse que ele e nove outros parlamentares romperam formalmente com o partido de oposição de direita liderado por sua irmã, Keiko Fujimori, anulando a maioria absoluta que a sigla usou no Congresso para afastar ministros do governo Kuczynski.
A divisão ocorreu depois que a facção rompeu as fileiras do partido no mês passado para evitar que Kuczynski fosse removido do cargo devido a um escândalo de corrupção. Kuczynski concedeu um perdão a Alberto Fujimori três dias depois alegando razões de saúde, ajudando Kenji a concretizar o objetivo antigo de libertar seu pai.
Na quarta-feira, em sua primeira coletiva de imprensa desde o perdão do pai, Kenji, de 37 anos, revelou um compromisso político assinado pelos 10 parlamentares dissidentes, dando o primeiro sinal de apoio político concreto além do partido de Kuczynski, cujo governo foi enfraquecido por renúncias e protestos de rua contra seu indulto a Alberto Fujimori.
“Este é um acordo governável”, disse Kenji segurando um documento enquanto listava prioridades, entre elas ajudar Kuczynski a tratar das necessidades dos peruanos e cortejar o investimento privado.
Alberto Fujimori, que cumpria uma pena de 25 anos de prisão por corrupção e crimes contra os direitos humanos cometidos durante sua década autoritária no poder, divide profundamente as opiniões no Peru. Apesar de sua queda, ele é admirado por muitos que lhe creditam ter derrotado a insurgência de esquerda Sendero Luminoso e salvar o país da ruína econômica.
No ano passado Fujimori se alinhou publicamente a Kenji, não Keiko, e em julho emitiu uma repreensão rara ao partido de oposição comandado por sua filha.
A ex-parlamentar Keiko passou uma década transformando o legado do pai no partido político mais organizado do Peru, a Força Popular, mas sua liderança sobre o movimento populista que ele iniciou nos anos 1990 vem sendo questionada.
Ela não se empenhou em buscar a libertação do pai, citando uma promessa de campanha de 2016 de só recorrer aos tribunais, e não a poderes políticos, para pleitear sua libertação. Agora ela está atrás dele em pesquisas a respeito de quem é o líder atual dos chamados fujimoristas.
(Por Mitra Taj)