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Leilão de projetos de transmissão deve ter forte disputa e investimento recorde

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) – Um leilão do governo federal para a concessão de novos projetos de transmissão de energia na quinta-feira deverá manter a forte competição vista nas últimas licitações do setor, marcadas por retornos mais atraentes, viabilizando investimentos recordes de 13,2 bilhões de reais, disseram especialistas à Reuters.

O certame oferecerá a investidores contratos de 30 anos para a construção e futura operação de 16 lotes de empreendimentos, compreendendo linhas de energia com uma extensão total de 7,15 mil quilômetros em 13 Estados.

Empresas como a Cteep, da colombiana ISA, a Taesa, uma parceria entre Cemig e ISA, além de Engie, EDP Brasil, Equatorial e a indiana Sterlite, que participaram dos últimos leilões, devem manter o apetite e protagonizar embates, principalmente pelos projetos que demandarão maiores aportes.

Na última licitação, em junho, os indianos foram os principais vencedores, ao arrematarem a concessão para seis empreendimentos, e os deságios oferecidos pelos investidores frente à receita-teto oferecida por cada projeto chegaram ao recorde de mais de 73,9 por cento.

“Deve ser algo bastante parecido, o perfil dos ‘players’ que vão participar é muito parecido, assim como os apetites. Não vejo muitas mudanças nos resultados. Os investidores estão muito animados com o setor de energia e com a transmissão”, disse à Reuters o sócio da área de energia do Pinheiro Neto Advogados, José Roberto Oliva Jr..

Por outro lado, lotes menores poderão atrair empresas de construção, que já apareceram nas últimas licitações, e eventualmente fundos de investimento, disseram à Reuters executivos do Banco do Brasil, que tem apoiado empresas interessadas na disputa.

“Os ‘players’ tradicionais estarão presentes, pelo que temos visto de movimentação, mas o fato é que existem lotes pequenos, com investimento de 80 milhões, 160 milhões, e isso abre possibilidades para empresas EPCistas, que já fazem a construção de projetos no setor”, disse o gerente-executivo da diretoria de mercado de capitais do BB, Luiz Giacomini.

Dos lotes de projetos do certame, sete têm investimento previsto pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de até 500 milhões de reais, enquanto cinco deverão demandar mais de 1 bilhão de reais.

Se todos empreendimentos atraírem lances, os aportes a serem feitos nas instalações de transmissão devem somar 13,2 bilhões de reais, contra um recorde de 12,7 bilhões em um leilão de abril do ano passado.

Para o pesquisador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel-UFRJ), Roberto Brandão, é difícil imaginar algum lote vazio na concorrência, como ocorreu em diversas ocasiões entre 2014 e 2016.

“Tem sido muito grande o sucesso desses leilões, eles conseguiram atrair até investidores que não eram tradicionais de transmissão, a Aneel melhorou as condições em vários aspectos (desde as licitações com lotes vazios)”, afirmou.

DISPUTA NO SUL

Um dos aspectos que chama a atenção no leilão da quinta-feira é o número de empreendimentos previstos para o Sul do país, em parte devido à revogação pelo governo de um contrato da estatal Eletrosul, da Eletrobras, para a construção de linhas na região, que agora serão relicitadas em quatro diferentes lotes.

O investimento apenas nessas obras antes outorgadas à estatal será de 4 bilhões de reais, quase um terço do total do certame.

O presidente da Cteep, Reynaldo Passanezi, disse a jornalistas no início do mês que esses lotes estão no radar da companhia, enquanto a indiana Sterlite, que já tem projetos na região Sul, também já afirmou anteriormente que tem preferência por empreendimentos complexos e de grande porte.

Para o gerente de soluções da diretoria de mercado de capitais do BB, Carlos Belinger, a competição deve ser acirrada, dado que muitas das transmissoras já possuem projetos na região que teriam sinergias com os ativos que serão licitados.

“A gente vê que o apetite de alguns ‘players’ por essa região, os que já têm ativos lá, pode ser maior que nos leilões anteriores, quando a concentração (das concessões) foi mais para Nordeste e Norte”, apontou.

Ficam no Sul os dois maiores lotes de projetos do certame, um em Santa Catarina, com investimento estimado de 2,8 bilhões de reais, e outro no Rio Grande do Sul, orçado em 2,4 bilhões.

(Por Luciano Costa)

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