Por Gabriel Stargardter
RIO DE JANEIRO (Reuters) – O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse neste domingo que o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, afirmou a ele que era uma questão de “quando, não de se” a embaixada de seu país em Israel, atualmente em Tel Aviv, será transferida para Jerusalém.
Mais cedo, uma autoridade israelense já havia comentado sobre o assunto. No entanto, uma alta fonte do futuro governo mostrou cautela sobre a declaração israelense. “Só se comenta decisão, a qual ainda não foi tomada”, disse a fonte à Reuters, sob condição de anonimato.
Bolsonaro, que assume a Presidência na terça-feira e está recebendo Netanyahu e líderes de outros países para sua posse, disse que gostaria de seguir a liderança do presidente dos EUA, Donald Trump, e transferir a embaixada.
Mas ele está sob intensa pressão do poderoso setor agrícola brasileiro para não fazer a mudança, já que poderia prejudicar as exportações para países árabes.
Tal movimento de Bolsonaro seria uma mudança brusca na política externa brasileira, que tradicionalmente apoia uma solução de dois Estados para o conflito entre Israel e Palestina.
A Liga Árabe disse a Bolsonaro que transferir a embaixada para Jerusalém seria um revés para as relações com os países árabes, segundo uma carta vista pela Reuters no início de dezembro.
“Bolsonaro me disse que era questão de ‘quando, não de se’ ele vai transferir a embaixada para Jerusalém”, disse Netanyahu neste domingo durante uma reunião com líderes da comunidade judaica do Brasil no Rio de Janeiro.
“Atribuímos enorme importância ao Brasil e ao Brasil no contexto da América Latina”, acrescentou. “Isso anuncia uma mudança histórica.”
Netanyahu, que se encontrou com Bolsonaro na sexta-feira, disse que o brasileiro aceitou seu convite para visitar Israel, em uma viagem que deve acontecer em março.
Netanyahu é o primeiro primeiro-ministro israelense a visitar o Brasil.
Depois de conhecer o líder israelense, Bolsonaro disse que “precisamos de bons aliados, bons amigos, bons irmãos, como Benjamin Netanyahu”.
(Por Gabriel Stargardter; reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)