Por Mary Milliken
BRASÍLIA (Reuters) – O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, disse nesta terça-feira que os Estados Unidos continuarão a cooperar com Israel em relação à Síria e em oposição ao Irã no Oriente Médio, mesmo com a decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de retirar tropas da Síria.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou em encontro com Pompeo em Brasília que planejava discutir como intensificar a inteligência e operações de cooperação na Síria e em outros locais para bloquear a “agressão” do Irã.
Em seus primeiros comentários públicos desde a decisão de Trump, Pompeo disse que “de nenhuma maneira muda o fato de que esta administração está trabalhando ao lado de Israel”.
“As campanhas contra o Estado Islâmico continuam, nossos esforços para opor a agressão iraniana continuam e nosso compromisso com a estabilidade do Oriente Médio e a proteção de Israel continuam igual a antes da decisão ser tomada”, disse.
Trump anunciou, mês passado, que planejava retirar tropas norte-americanas da Síria, declarando que elas haviam cumprido a missão de derrotar o Estado Islâmico e não eram mais necessárias no país.
Ao fazer o anúncio, Trump ignorou o conselho de seus principais assessores de segurança nacional e o fez sem consultar legisladores ou aliados dos EUA que participam das operações contra o Estado Islâmico. A decisão fez com que Jim Mattis renunciasse ao cargo de secretário de Defesa.
“Temos muito a discutir”, disse Netanyahu, que, como Pompeo, estava em Brasília para a posse de Jair Bolsonaro como novo presidente do Brasil.
“Discutiremos a intensa cooperação entre Israel e os Estados Unidos, que também lidará com as questões que surgiram depois da decisão, a decisão americana, sobre a Síria, e como intensificar ainda mais nossa cooperação de inteligência e operacional na Síria e em outros lugares para bloquear a agressão iraniana no Oriente Médio.”
Netanyahu disse que Israel está muito grato pelo “apoio forte e inequívoco” que Pompeo deu aos “esforços de Israel de legítima defesa contra a Síria” nos últimos dias.
O porta-voz do Departamento de Estado, Robert Palladino, disse que Pompeo e Netanyahu “discutiram a ameaça inaceitável das agressões e provocações do Irã e seus agentes a Israel e à segurança da região” e Pompeo reiterou o compromisso dos EUA com a segurança de Israel e seu direito à legítima defesa.
Netanyahu disse, mês passado, depois do anúncio de Trump, que Israel reforçará luta contra forças alinhadas com o Irã na Síria, depois da retirada das tropas norte-americanas.
Israel considera a propagação da influência do Irã no Oriente Médio como uma ameaça crescente e tem realizado ataques aéreos na guerra civil da Síria contra o que suspeita serem mobilizações militares e entrega de armas de forças iranianas apoiando Damasco.