Por Richard Lough e Caroline Pailliez
PARIS (Reuters) – Emmanuel Macron pretendia iniciar o novo ano na ofensiva contra os “coletes amarelos”. Em vez disso, o presidente francês está se recuperando de manifestações mais violentas nas ruas.
O que começou como uma revolta popular contra os impostos sobre o diesel e o alto custo de vida transformou-se em algo mais perigoso para Macron – um ataque à sua presidência e às instituições francesas.
Os manifestantes no sábado usaram uma empilhadeira para forçar a entrada em um complexo ministerial, ateando fogo em carros perto da famosa avenida Champs Élysées e agrediram policiais em uma ponte.
A dificuldade de autoridades francesas para manter a ordem durante os protestos do fim de semana levanta dúvidas não só sobre as táticas de políticas, mas também sobre a resposta de Macron, enquanto ele se prepara para implementar regras mais rígidas para benefícios de desemprego e cortar milhares de empregos no setor público.
Na noite deste domingo, Macron escreveu no Twitter: “Mais uma vez, a República foi atacada com extrema violência – seus guardiões, representantes e símbolos.”
O governo de Macron endureceu a postura contra os “coletes amarelos” depois que o movimento pareceu ter perdido força durante o feriado de Natal.
Na sexta-feira, o porta-voz do governo Benjamin Griveaux disse que a administração não cederia em sua busca por reformas para reformular a economia, marcando protestantes remanescentes que tentavam derrubar o governo.
Vinte e quatro horas depois, ele deixava o escritório pela porta dos fundos, conforme manifestantes invadiram o pátio e destruíram vários carros. “Não fui eu quem foi atacado”, disse depois. “Foi a República.”
Por trás da revolta está a raiva, principalmente entre os trabalhadores mal pagos, em relação ao aperto nos salários e uma crença de que Macron é indiferente às necessidades de cidadãos ao avançar com reformas consideradas pró-empresariado e a favor dos mais ricos.
O governo de Macron tem sido abalado pelos tumultos e foi pego de surpresa em novembro, quando os “coletes amarelos” começaram a bloquear estradas, ocupando pedágios de rodovias e encenando violentas invasões de Paris e outras cidades nos fins de semana.
Passados dois meses, a administração ainda não encontrou uma forma de aliviar a raiva dos “coletes amarelos” e atender às demandas, que incluem salário mínimo mais alto, uma democracia mais participativa e a renúncia de Macron.
Sem um líder claro, as negociações com o grupo têm sido difíceis.
(Por Richard Lough e Caroline Pailliez)