BRASÍLIA (Reuters) – O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general da reserva Augusto Heleno, afirmou nesta segunda-feira que não há “rusga nenhuma” na relação entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, e que mais cedo eles se encontraram como “best friends”.
“Que rusga? Lógico que não, não teve rusga nenhuma, nem rusga, nem carrinho por trás, nem tesoura voadora, não teve nada, hoje de manhã eles se encontraram aí “best friends”, não tem essa história”, disse ele, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, após a solenidade de posse de novos presidentes do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES.
Na semana passada, o presidente se envolveu em duas polêmicas em relação à área econômica. A primeira foi declarações de Bolsonaro sobre uma reforma da Previdência que adote a idade mínima de aposentadoria de 62 anos para homens e 57 para mulheres, em tese mais leve do que a em discussão pela equipe econômica.
Na sexta-feira, o governo também teve de recuar de um anúncio, feito pelo próprio Bolsonaro, de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), após o secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, e o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, terem dito que a medida não seria implementada.
PESO NAS COSTAS
Um dos auxiliares mais próximos do presidente, Heleno disse que houve uma conversa na manhã desta segunda de integrantes do governo. A avaliação é que, segundo ele, o que ocorreu foi “fruto de uma primeira semana”.
“Tem muita coisa, o peso em cima das costas do presidente é muito grande e ele acaba ouvindo muita coisa sem ter tempo nem de conferir se o que ele ouviu 5 minutos depois está valendo de novo”, disse.
“Mas é comum isso, isso não é uma novidade desse governo ter alguns desencontros assim. Hoje (segunda) teve uma conversa muito boa, andaram até levantando se havia desgaste no relacionamento dele com o Paulo Guedes, acho que aqui ficou provado que é pura invenção, não existe nada disso e esse entrosamento vai ser cada vez maior”, minimizou Heleno.
O ministro do GSI fez os comentários sobre as falas de Bolsonaro e Guedes, que trocaram afagos na cerimônia. Ele avaliou que, quando se ouve um discurso que não são combinados, “a gente percebe que há uma identidade de propósitos”.
“Uma intenção plena absolutamente consciente e honesta e isso facilita muito. Às vezes sai alguma coisa que parece que está muito fora do lugar, mas não é, é fruto da quantidade de informações que chegam, algumas não conseguem ser filtradas”, disse.
Questionado se falta uma assessoria de imprensa mais profissional, Heleno afirmou que isso é natural, porque havia um assessoramento na campanha “muito mais precário”. “Foi uma repercussão grande, mas sem a responsabilidade de uma fala presidencial. Mas hoje mesmo ele fez um comentário sobre isso e vamos ver a mudança”, frisou.
(Reportagem de Ricardo Brito)