Por Brian Ellsworth
CARACAS (Reuters) – A oposição da Venezuela terá um adversário fraco na próxima eleição presidencial na figura do impopular presidente Nicolás Maduro, mas precisará superar um desafio mais difícil — a abstenção entre suas próprias fileiras.
Os índices de aprovação de Maduro estão em torno dos 20 por cento devido à economia em colapso, à inflação descontrolada e à desnutrição crescente, uma deterioração chocante em um país que já foi um exemplo de opulência movida a petróleo na América do Sul.
Mas a motivação do eleitorado está enfraquecendo devido aos receios de fraude, à desconfiança em relação à autoridade eleitoral e aos candidatos opositores fracos, o que pode ajudar Maduro a conquistar um segundo mandato de seis anos.
O governo ainda não marcou uma data para a eleição, mas disse que a votação precisa ser realizada antes do final de abril.
Líderes da oposição estão pedindo união antes da eleição, mas condicionam sua participação a exigências como a criação de uma nova autoridade eleitoral, algo que os aliados de Maduro dificilmente concederão.
Até agora a mensagem mais coerente veio de políticos de menor expressão que estão insistindo que a oposição se omita.
“Só existe uma resposta: não”, disse Maria Corina Machado, que tem uma presença midiática considerável, mas pouca influência política. “(A oposição) não pode ser cúmplice de um processo que busca legitimar o regime”.
Otimistas acreditam que o lançamento oficial da campanha eleitoral pode gerar ânimo e convencer os venezuelanos cansados da crise a votarem em qualquer candidato que enfrente Maduro.
Mas os céticos insistem que o conselho eleitoral está nas mãos do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), e que provavelmente alterará os resultados da votação.
“Eu não ia querer votar na oposição só para ver os resultados mostrarem que meu voto foi para o governo”, disse Manuel Melo, projetista gráfico de 21 anos que perdeu um rim em 2017 ao ser atingido por um canhão de água durante um protesto.
“Como vai haver fraude, prefiro não votar”.
Muitos também vêm acusando os líderes opositores de fazerem concessões demais a Caracas e, em alguns casos, de serem candidatos de mentira às ordens de Maduro.
(Reportagem adicional de Andreina Aponte)