Por Steve Holland e Orhan Coskun
ANCARA (Reuters) – O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, criticou o assessor de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, nesta terça-feira, por exigir que forças turcas não enfrentem combatentes curdos na Síria, acusando-o de dificultar os planos do presidente norte-americano, Donald Trump, de retirada das tropas dos EUA do país.
Erdogan disse que Bolton, que se reuniu com autoridades turcas em Ancara nesta terça-feira, mas deixou a Turquia sem realizar esperadas conversas com o presidente, “cometeu um erro grave” ao estabelecer condições para o papel militar da Turquia na Síria após a retirada dos EUA.
No mês passado, Trump disse estar convocando de volta para casa os cerca de 2 mil soldados norte-americanos presentes na Síria, dizendo que eles haviam concluído sua missão de derrotar o Estado Islâmico e que a Turquia assumiria os estágios finais da campanha militar.
A decisão abrupta provocou preocupação entre autoridades em Washington e aliados no exterior, e fez com que o secretário de Defesa, Jim Mattis, renunciasse. A medida também alarmou a milícia curda YPG, que tem sido um dos principais aliados dos EUA no combate ao Estado Islâmico na Síria, mas que é considerada uma organização terrorista por Ancara.
Antes de chegar à Turquia, Bolton disse que Ancara precisa coordenar suas ações militares com os Estados Unidos e que nenhuma retirada norte-americana acontecerá até que a Turquia garanta que os combatentes curdos estarão seguros.
Entretanto, Erdogan disse que a Turquia irá combater a YPG da mesma maneira que lutará contra o Estado Islâmico. “Se eles são terroristas, nós faremos o que for necessário não importa de onde vêm”, disse o presidente a membros de seu Partido AK, no Parlamento.
“Bolton cometeu um grave erro e quem pensa assim também cometeu um erro. Não é possível para nós fazermos concessões nesse momento”.
(Reportagem adicional de Tulay Karadeniz, Gulsen Solaker e Tuvan Gumrukcu, em Ancara)