Por Stephen Jewkes
MILÃO (Reuters) – O ex-guerrilheiro italiano Cesare Battisti, condenado por assassinato que fugiu da prisão há quase quatro décadas, será extraditado para a Itália após ser preso na Bolívia, disseram autoridades neste domingo.
“Cesare Battisti estará de volta na Itália nas próximas horas em um voo de Santa Cruz para Roma”, disse o primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte, em sua conta no Twitter, após um telefonema com o presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
Battisti, de 64 anos, foi preso no sábado na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra, por uma equipe da Interpol.
Ele foi condenado à prisão perpétua na Itália por envolvimento em quatro assassinatos na década de 1970, como membro dos proletários armados de extrema-esquerda pelo comunismo.
Depois de fugir em 1981, ele morou na França e mudou-se para o Brasil para evitar a extradição. Battisti, que tem um filho brasileiro de 5 anos, morou no Brasil com o apoio do ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva.
No entanto, Bolsonaro, que assumiu o cargo neste mês, prometeu devolver Battisti à Itália. Em dezembro, um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou a prisão de Battisti, mas a essa altura ele havia desaparecido novamente.
Em uma coletiva de imprensa neste domingo, o ministro do Interior boliviano, Carlos Romero, disse que Battisti havia entrado ilegalmente na Bolívia e foi encontrado nas ruas.
Ele disse que a Interpol Bolívia o entregaria nas próximas horas no aeroporto Viru Viru de Santa Cruz.
O ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, agradeceu a Bolsonaro e ao novo governo brasileiro “de todo o coração pela mudança climática política”.
Salvini, chefe do Partido Liga, de direita, que é parceiro de coalizão do Movimento 5 Estrelas, foi um dos primeiros políticos europeus a endossar a eleição de Bolsonaro.
Battisti, que se tornou um escritor de sucesso, disse no ano passado que enfrentaria tortura e morte se fosse enviado de volta à Itália.
Seu advogado disse à Reuters no mês passado que interpôs recurso contra a decisão do STF, tentando bloquear outra tentativa de extraditar seu cliente.
(Por Stephen Jewkes em Milão, Lisandra Paraguassu em Brasília e Danny Ramos na Bolívia)