TÓQUIO (Reuters) – O mais recente pedido de liberdade sob fiança do ex-presidente do conselho da Nissan Carlos Ghosn foi rejeitado por um tribunal de Tóquio nesta terça-feira, apesar da sugestão do próprio executivo de usar tornozeleira eletrônica na tentativa de obter liberdade após dois meses de detenção por supostos crimes financeiros.
A decisão, amplamente esperada, aumenta a probabilidade de que o executivo de 64 anos permaneça sob custódia até o julgamento, e pressionará a francesa Renault, parceira da Nissan, a encontrar um sucessor para Ghosn como presidente do conselho e CEO da companhia.
O conselho da Renault deve se reunir nos próximos dias para decidir quem vai suceder Ghosn, essencialmente retirando-o da aliança –que também inclui a Mitsubishi Motors– que está em crise desde sua prisão.
Ghosn foi quase imediatamente afastado da presidência dos conselhos da Nissan e da Mitsubishi após sua prisão em 19 de novembro, mas continua a ser presidente do conselho e CEO da montadora francesa.
Ele foi oficialmente acusado de ocultar parte de seu salário durante oito anos até março de 2018 e de transferir temporariamente perdas financeiras pessoais para a Nissan. Ghosn nega as acusações.
O tribunal não apresentou qualquer explicação para rejeitar o pedido de Ghosn. A fiança raramente é concedida para réus no Japão sem uma confissão.
O advogado de Ghosn não estava imediatamente disponível para comentar depois que o Tribunal Distrital de Tóquio anunciou sua decisão.
O pedido de fiança de Ghosn também incluía uma oferta para contratar guardas para monitorá-lo e uma promessa de permanecer em Tóquio, onde ele alugou um apartamento. Ele se ofereceu para apresentar ações que possui na Nissan como garantia, disse sua porta-voz.
Um pedido anterior de fiança fora negado na semana passada devido a preocupações de que o executivo, que tem cidadania francesa, libanesa e brasileira, pudesse fugir e adulterar provas.
Em um comunicado divulgado na segunda-feira, Ghosn repetiu sua intenção de limpar seu nome no tribunal.
“Eu vou comparecer ao meu julgamento não apenas porque sou legalmente obrigado, mas porque estou ansioso para finalmente ter a oportunidade de me defender”, disse.
“Eu não sou culpado das acusações feitas contra mim e estou ansioso para defender a minha reputação no tribunal”.