DAVOS, Suíça (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira, em um breve discurso no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, que seu governo tem a credibilidade para fazer as reformas necessárias ao Brasil e que o mundo espera que sejam feitas pelo país, sem detalhar, no entanto, quais são essas reformas e deixando de citar até mesmo a reforma da Previdência, apontada por todos como a prioridade.
Em sua fala, de cerca de seis minutos, bem mais curta do que costuma ocorrer nos discursos realizados durante este evento, Bolsonaro não entrou em detalhes, ao mesmo tempo que garantiu, de forma genérica, que vai trabalhar pela estabilidade macroeconômica, respeitando contratos, privatizando e equilibrando as contas públicas.
Bolsonaro afirmou que o Brasil ainda é uma economia relativamente fechada ao comércio internacional, e que mudar essa condição é um dos maiores compromissos de seu governo.
“Gozamos de credibilidade para fazer as reformas de que precisamos e que o mundo espera de nós”, disse Bolsonaro durante o discurso de abertura do fórum.
“Vamos diminuir a carga tributária, simplificar as normas, facilitando a vida de quem deseja produzir, empreender, investir e gerar empregos”, prometeu, sem detalhar os planos para atingir esses objetivos.
O presidente acrescentou, ainda, que vai buscar integrar o Brasil ao mundo também por meio de uma defesa ativa da reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) para eliminar “práticas desleais de comércio” e garantir segurança jurídica das trocas comerciais internacionais.
“Tenham certeza de que, até o final do meu mandato, nossa equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, nos colocará no ranking dos 50 melhores países para se fazer negócios”, afirmou durante o discurso.
Bolsonaro também prometeu compatibilizar meio ambiente e desenvolvimento, defendendo o histórico brasileiro de preservação ao afirmar que o país dá exemplo ao mundo nesta área, e prometeu uma maior integração do Brasil com o mundo, adotando as “melhores práticas”, como as adotadas e promovidas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
“Estamos aqui porque queremos, além de aprofundar nossos laços de amizade, aprofundar nossas relações comerciais”, afirmou o presidente.
“Nossas ações, tenham certeza, os atrairão para grandes negócios, não só para o bem do Brasil, mas também para o de todo o mundo. Estamos de braços abertos. Quero mais que um Brasil grande, quero um mundo de paz, liberdade e democracia.”
PARLAMENTO E MERCOSUL
Após seu breve discurso, Bolsonaro passou também por uma rápida sessão de perguntas e respostas, quando reconheceu que seu governo precisará do Parlamento, citando especificamente mudanças legislativas para fomentar o combate à corrupção.
Ele afirmou que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, que o acompanha na viagem a Davos, primeira visita internacional do presidente desde sua posse em 1º de janeiro, terá todos as condições para “seguir o dinheiro” e combater irregularidades.
Bolsonaro também disse que buscará incentivar o comércio sem “viés ideológico”, mas concentrado em trocas com países que “comungam com práticas semelhantes às nossas” sem, no entanto, detalhar quais seriam essas práticas.
“Entendemos que temos muito a oferecer aos senhores e gostaríamos, e muito, de fazer parcerias para o bem-estar dos nossos povos”, disse.
Quando indagado sobre a América do Sul e o Mercosul, Bolsonaro afirmou que “alguma coisa precisa ser aperfeiçoada” no bloco comercial sul-americano, e fez a avaliação de que, com a recente eleição de governos de direita e centro-direita na região, a esquerda “não prevalecerá” no continente.
“Nós estamos preocupados, sim, em fazer uma América do Sul grande. Em que cada país, obviamente, mantenha sua hegemonia local. Não queremos uma América boliviariana como há pouco existia no Brasil em governos anteriores”, afirmou.
“Eu acho que essa forma de interagir com os demais países da América do Sul vem contagiando esses países e mais gente de centro e de centro-direita tem se elegido presidente nesses países. Creio que isso seja uma resposta que a esquerda não prevalecerá nessa região. O que é muito bom, no meu entender, não só para a América do Sul, bem como para o mundo.”
(Reportagem de Mark Bendeich; Texto em português de Eduardo Simões, em São Paulo)